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CPI do Cachoeira

Tucanos criticam Lula sobre suposta pressão a Gilmar Mendes

30 mai 2012 - 14h13
(atualizado às 14h20)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou nesta quarta-feira o comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio em que supostamente teria pressionado o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para adiar o julgamento do mensalão em troca de uma blindagem na CPI do Cachoeira. Em encontro com pré-candidatos do partido às prefeituras, Aécio disse que o episódio pode resultar em uma crise institucional.

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"É algo triste para a democracia brasileira e grave no ponto de vista das instituições. Lembro que o presidente Lula dizia, para quem quisesse ouvir, que quando saísse da Presidência da República iria mostrar qual o comportamento adequado de um ex-presidente e certamente essa não era a expectativa daqueles que acreditavam nas intenções dele", afirmou o senado.

De acordo com reportagem da revista Veja, em encontro ocorrido no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, Lula teria pedido ao ministro Gilmar Mendes que atrasasse o julgamento do mensalão. Em troca, o ex-presidente teria prometido blindar o ministro na CPI que investiga Carlinhos Cachoeira de um suposto relacionamento com o bicheiro.

Na terça-feira, Gilmar Mendes apresentou documentos do STF e cópias de extratos de cartão de crédito que comprovam ter sido ele e o próprio Supremo os responsáveis por arcar com a viagem que o ministro fez à Europa em abril do ano passado e na qual encontrou o senador Demóstenes Torres em Berlim, na Alemanha. Também ontem, Demóstenes negou que Cachoeira estivesse com os dois ou que tivesse algo a ver com a viagem.

Aécio disse ainda que o caso surpreendeu ao País e que houve um excesso por parte de Lula que precisa ser investigado. "Fica um ensinamento de que ninguém está acima da lei. Houve um excesso que obviamente terá de ser julgado pela população brasileira", avaliou o senador.

Para Sérgio Guerra, o episódio mostra "o estilo com o que o PT governa". O presidente do partido também aproveitou para alfinetar o ex-ministro José Dirceu, réu no processo do mensalão. "Nunca se viu um presidente da República ameaçar um ministro do Supremo. Mas isso só mostra o que tenho ouvido falar, que dizem que o José Dirceu está morrendo de medo porque, finalmente, a justiça vai ser feita", disse Guerra aos pré-candidatos reunidos no encontro.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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