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CPI do Cachoeira

Sem advogado, Pagot chega para depor na CPI do Cachoeira

28 ago 2012 - 10h13
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O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot chegou por volta das 9h20 ao Congresso Nacional, onde irá depor na Comissão Parlamentar e Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. Ele chegou sem advogado e não quis falar com a imprensa. A sessão deve iniciar às 10h15, no Senado Federal. As informações são da Agência Câmara.

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Pagot disse em diversas entrevistas que está disposto a colaborar com a CPI. Ele deixou o Dnit em 2011, após denúncias de irregularidades, e atribuiu a pressão por sua saída ao grupo comandado por Cachoeira, que defendia os interesses da Delta no órgão. À imprensa, ele disse ainda que era procurado por partidos para captar doações ilegais de empreiteiras para campanhas políticas.

Quem também tem depoimento marcado para terça-feira é o empresário Adir Assad, que é dono das empresas JSM Terraplenagem e SP Terraplenagem, entre outras, apontadas como 'laranjas' do suposto esquema Delta/Cachoeira. Assad também pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas-corpus para garantir o direito de ficar em silêncio e para não se autoincriminar.

Na quarta-feira, a comissão vai ouvir o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), do governo de São Paulo, ele é acusado de atuar junto ao Dnit em busca de recursos para a campanha do ex-governador José Serra (PSDB) à Presidência da República.

Outro envolvido no caso com depoimento marcado para esta semana, o ex-presidente da empreiteira Delta Fernando Cavendish apresentou habeas-corpus no STF pedindo para não comparecer à sessão. Se o pedido não for atendido, ele pede que lhe sejam asseguradas todas as garantias que vêm sendo conferidas a outros convocados, a de permanecer em silêncio e não assinar termo de compromisso de dizer a verdade. Cavendish foi convocado para depor na quarta-feira.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

O diretor-geral afastado do Dnit, Luiz Antônio Pagot, afirmou que ajudará nas investigações da CPI
O diretor-geral afastado do Dnit, Luiz Antônio Pagot, afirmou que ajudará nas investigações da CPI
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Fonte: Terra
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