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CPI do Cachoeira

Queiroz mostra IR à CPI; quebra de sigilo deve ser votada na quinta

13 jun 2012 - 13h55
(atualizado às 15h14)
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Durante o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), apresentou cópias das declarações de Imposto de Renda dele e de sua esposa. "Está aí para ser comprovado que não tenho nenhuma pendência com a Receita Federal", declarou Agnelo, reafirmando que seu patrimônio é compatível com a renda que possui.

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Durante a sessão, o governador do DF autorizou a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. No entanto, o relator Odair Cunha (PT-SP) disse que na quinta-feira serão votados os requerimentos que pedem a quebra de sigilo de Agnelo Queiroz e também do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

O assunto chegou ao Twitter, onde vários usuários usaram a palavra-chave (hashtag) #PerilloAbraOSigilo em suas publicações na rede social para pedir que o governador Perillo autorize a quebra de sigilo. As manifestações dos internautas começaram logo após Queiroz ter anunciado que abriria o seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à comissão.

Na reunião, o deputado Felipe Pereira (PSC-RJ) questionou Queiroz sobre sua eventual ligação com Jamil Elias Suaiden, dono da empresa F.J. Produções. Segundo o deputado, que é um dos autores do requerimento de convocação do governador, Agnelo teria comprado uma casa de Suaiden.

"Eu não conheço esse senhor e estou sendo informado agora pela assessoria que ele é dono de uma produtora", disse Agnelo. Pereira ainda questionou sobre a existência de contratos do governo do DF com a F.J. Produções. O governador negou a informação.

A mansão que Agnelo e sua esposa compraram em 2007 tinham como proprietários o advogado Glauco Alves e Santos e a mulher dele, Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos. O advogado é dono da importadora de medicamentos Saúde Import. Ele vendeu a casa para Queiroz um ano antes da liberação da empresa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em sindicância, a Anvisa concluiu que o governador não teve responsabilidade administrativa pela autorização de funcionamento da importadora.

Além disso, Juliana é irmã de Jamil Elias Suaiden, dono da F.J. Produções. Há a suspeita de que, durante o período em que Agnelo foi diretor da Anvisa, ele teria favorecido a empresa que venceu um leilão de registro de preços para realizar 260 eventos.

Ânimos exaltados

Ao questionar o governador Agnelo Queiroz sobre quem teria feito o convite para que ele fizesse vista à empresa Vitapan, de propriedade de Carlinhos Cachoeira, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) se exaltou. "Gostaria que vossa excelência dissesse o nome de quem o convidou", indagou Sampaio.

Agnelo respondeu que, por ser, na época, diretor da Anvisa, teria recebido o convite da própria empresa. "Um diretor de uma agência trata com pessoas jurídicas", disse Agnelo.

A resposta não convenceu Sampaio, que seguiu insistindo em ter um nome. O deputado chegou a dizer que o governador não estava respondendo às perguntas. O governador afirmou estar respondendo.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Com informações da Agência Câmara.

Fonte: Terra
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