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CPI do Cachoeira

PSDB pede investigação sobre empresas ligadas à Delta

7 nov 2012 - 14h17
(atualizado em 8/11/2012 às 08h37)
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Deputados e senadores tucanos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira protocolaram na Procuradoria-Geral da República na manhã desta quarta-feira um relatório de 460 páginas com o cruzamento de dados de empresas de fachada ligadas à Construtora Delta. Eles querem investigação sobre essas empresas, já que não ocorreu na CPI do Cachoeira. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), informa que o governo impediu a investigação das 29 empresas que funcionam como "braços financeiros" da empreiteira, a ponto de brecar até mesmo os pedidos de abertura das contas de cada uma delas.

Desacompanhado de advogado, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit depõe na CPI do Cachoeira
Desacompanhado de advogado, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit depõe na CPI do Cachoeira
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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"O essencial não foi investigado pela CPI, a corrupção se estende aos governos federal, estadual e municipal", afirma Dias. Ele lembrou que o Sistema do Controle de Atividades Financeiras (Siaf) identificou movimentações atípicas dessas empresas. "Quer dizer que elas nada produzem, mas recebem e repassam altas somas de dinheiro", disse o senador.

O deputado Carlos Sampaio (SP) falou sobre a expectativa do partido quanto à iniciativa do Ministério Público Federal de instaurar inquérito "para apurar aquilo que deixou de ser apurado". "É preciso saber mais sobre o envolvimento dessas laranjas, braços financeiros da organização criminosa, mas infelizmente a CPI foi interrompida pelo governo, impedindo o avanço da investigação", defendeu.

O líder Alvaro Dias lembrou que a CPI foi criada atendendo à orientação do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, interessado em atingir o governador de Goiás, Marconi Perillo. "Mas o que se constatou foi muito mais, expondo órgãos públicos, o governo da presidente Dilma Rousseff e gestores estaduais e municipais", reiterou.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Agência Estado Agência Estado
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