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CPI do Cachoeira

Após alta, Cachoeira refaz promessa de casamento 'este mês ainda'

30 nov 2012 - 09h13
(atualizado às 21h11)
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Mirelle Irene
Direto de Goiânia

O contraventor Carlinhos Cachoeira recebeu alta e deixou, por volta das 8h50 desta sexta-feira, o Instituto Neurológico de Goiânia, onde estava internado com sintomas de depressão e estresse desde o último domingo. Acompanhado da mulher, Andressa Mendonça, e de um de seus irmãos, Julio Ramos, Cachoeira aparentava estar feliz com a volta pra casa. "Estou me sentindo melhor, quero agradecer à equipe médica, a Deus também, não é? E a todo mundo que orou por mim", disse ele durante rápida fala à impressa na saída da instituição.

Carlinhos Cachoeira deixou o hospital ao lado da companheira, Andressa Mendonça
Carlinhos Cachoeira deixou o hospital ao lado da companheira, Andressa Mendonça
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

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Cachoeira ainda prometeu que vai cumprir as ordens médicas de permanecer em repouso em casa. Sobre a promessa feita quando ainda estava preso, ele afirmou que vai se casar com Andressa em breve. "O casamento sai este mês ainda.", disse, provavelmente indicando o mês de dezembro. Durante a fala com a imprensa, Andressa se declarou aliviada com a recuperação do companheiro. "Estou feliz por ele, muito", disse. Questionado sobre as acusações que lhe pesam, Cachoeira se recusou a comentá-las. "Não vou falar", disse, e entrou no carro que o levou para casa.

O hematologista Cesár Leite, que liderou a equipe que cuidou de Cachoeira e que a acompanha há anos a família do empresário, disse que o tratamento do contraventor foi um sucesso. Porém, disse que Cachoeira ainda será acompanhado por médicos, principalmente pelo psiquiatra Salomão Rodrigues, em princípio, pelos próximos três meses. "Ele vai acompanhar se o comportamento, a conduta, vão se normalizar totalmente. Ele está muito bem hoje", disse.

Segundo o médico, Cachoeira ainda precisa de um bom repouso pelo menos por um mês e tem sido medicado com remédios controlados para combater os sintomas da depressão e controlar o sono. Durante a internação, ele foi submetido a diversos exames. Nos últimos dias, passou por uma ressonância magnética e fez um teste ergométrico na esteira, bem como monitoramento do coração.

O cardiologista Alberto de Almeida Las Casas, da equipe que cuidou de Cachoeira, anotou em boletim que o contraventor apresentava arritmia cardíaca quando foi internado, além de desequilíbrio hidroelétrico desencadeado pela diarreia, e foi tratado o quadro de síncope neuro mediada. O boletim indica que empresário deve se submeter nos próximos dias a outros exames de imagem para afastar uma Isquemia Silenciosa.

Celebridade

A estadia de Cachoeira no hospital mudou um pouco a rotina na unidade. Segundo o médico Cesar Leite, muitos funcionários do hospital o trataram como uma celebridade. "Pacientes muito conhecidos, o pessoal, enfermeiras, querem ver, tirar fotos, essas coisas", disse, ressalvando, porém, que Cachoeira recebeu o mesmo tratamento atencioso que qualquer paciente menos conhecido recebe no Instituto.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumprirá a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. A Justiça ainda avalia o pedido.

Fonte: Especial para Terra
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