PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Vice-governador do Rio defende Delta: 'eles têm preço muito bom'

29 nov 2012 - 20h46
(atualizado às 20h59)
Compartilhar

Ao visitar a favela Santa Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio, nesta quinta-feira, o vice-governador Luiz Fernando Pezão defendeu os contratos do governo do Rio de Janeiro com a construtora Delta S/A. "A Delta sempre foi uma grande empresa, e ainda trabalha conosco no Lote 4 do Arco Metropolitano. No Rio, ela sempre entregou suas obras num custo bem mais baixo. Não vejo problema nenhum. Eles têm preço muito bom", disse.

O Estado do Rio, conforme consta no relatório da CPI do Cachoeira, é o que mais dinheiro pagou à empreiteira. O faturamento da Delta em cinco anos e cinco meses da gestão do peemedebista Sérgio Cabral, amigo pessoal do dono da construtora, Fernando Cavendish, atingiu R$ 1,49 bilhão. Em 2011, foram R$ 302,8 milhões. A maior parte saiu do Departamento de Estradas de Rodagens local (DER-RJ): R$ 98,7 milhões.

Pezão, que foi ao Santa Marta lançar o programa "Tudo de cor para o Rio de Janeiro", que vai colorir algumas casas da comunidade com a ajuda de uma fabricante de tintas, disse considerar que a empreiteira tem "competência".

Em junho desta ano, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, declarou a Delta inidônea para fechar contratos com a administração pública. A decisão é baseada na conclusão do processo administrativo aberto na Corregedoria-Geral da União (órgão da CGU) para apurar responsabilidades da construtora em irregularidades apontadas pela operação Mão Dupla (realizada pela Polícia Federal, CGU e Ministério Público em 2010) na execução de contratos de obras rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

A empresa de Cavendish teria realizado obras com material de baixa qualidade e superfaturados. Em um dos contratos, ao custo de R$ 4,4 milhões, a Delta deveria recuperar 218 km da BR-242, na Bahia. Os auditores encontraram evidências de que os registros fotográficos da obra, que comprovariam o trabalho feito, foram forjados. Outros casos, também no Nordeste, apontam para o uso de asfalto que "se esfarela com a água", conforme relatório da CGU.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades na obra citada por Pezão: o Lote 4 do Arco Metropolitano. Além dos questionamentos do TCU com relação a essa obra, a empresa teve problemas ao fazer a recuperação de trecho da BR-101, no Estado do Rio, que consumiu R$ 2,3 milhões, e foi feito com asfalto de baixíssima qualidade.

Em 2010, a empreiteira de Fernando Cavendish doou R$ 1,15 milhão para o diretório nacional do PMDB, de Sérgio Cabral, e R$ 850 mil para o diretório nacional do PT, totalizando R$ 2,3 milhões.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
Compartilhar
Publicidade