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CPI do Cachoeira

Relator da CPI do Cachoeira retira Gurgel e jornalistas de relatório

28 nov 2012 - 11h40
(atualizado às 12h32)
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Pressionado por parlamentares da oposição e de parte da base aliada, o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), retirou do parecer final o pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e de jornalistas.

Policiais fiscalizam integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocuparam a fazenda Gama, adquirida pelo grupo do contraventor Carlos Cachoeira. Ao lado do Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR), o MST exigem uma reunião com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. A assessoria da movimento informou que 800 famílias se encontram na área
Policiais fiscalizam integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocuparam a fazenda Gama, adquirida pelo grupo do contraventor Carlos Cachoeira. Ao lado do Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR), o MST exigem uma reunião com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. A assessoria da movimento informou que 800 famílias se encontram na área
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

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A leitura do parecer final da comissão iniciou pouco antes do meio-dia desta quarta-feira. O documento contém mais de 5 mil páginas. Antes da reunião, o presidente da CPMI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), reuniu-se com líderes para tentar definir um acordo de procedimento que viabilizasse a leitura do texto.

Pelo pacto, o relator fará a leitura do parecer, que poderá ser um resumo, depois será concedida vista coletiva por cinco dias e, na semana que vem, vai a voto. No prazo, os membros da CPMI poderão apresentar sugestões para serem acrescentadas ou retiradas do texto.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Agência Brasil Agência Brasil
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