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CPI do Cachoeira

Cachoeira: governo de GO chama relatório da CPI de 'malfeito'

22 nov 2012 - 14h39
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Mirelle Irene
Direto de Goiânia

Com o título "A farsa foi desmascarada", o governo de Goiás divulgou nota nesta quinta-feira em que avalia as recém vazadas informações do relatório do deputado Odair Cunha, relator da Comissão de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, que apontam o indiciamento do governador Marconi Perillo (PSDB) por envolvimento no grupo criminoso do bicheiro. "O relator, a serviço do mentor maior do mensalão e na ânsia de agradar seu chefe, produziu o mais malfeito e inconsistente 'relatório' de todas as CPMIs criadas até hoje no Congresso Nacional", qualificou o governo tucano.

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Segunda a nota, o governo repudia o documento, considerado uma "peça de ficção elaborada exclusivamente como instrumento de vingança" contra Perillo e seu governo. A nota traz 11 argumentos do governo que justificam este ponto de vista, dentre eles, o fato de o relator não convocar membros da administração federal, de governos estaduais e de prefeituras detentores dos maiores contratos do grupo Delta com entidades públicas. "Foi o maior indicativo de que esta CPMI foi transformada pelo relator e alguns de seus apoiadores em um grande circo", diz a nota.

"Se confirmado o pedido de indiciamento formulado pelo relator, terá sido esta uma ação mesquinha, midiática, covarde, irresponsável e inócua", diz a nota. O governo goiano reafirma que não existe, em todo o material analisado pela CPI, nenhum fato ou indício de vantagens concedidas pelo governo ao grupo criminoso. "O que vimos no 'relatório' covarde, parcial e direcionado, elaborado como instrumento de vingança contra desafetos do líder maior oculto do mensalão, foi uma tentativa de, através de fragmentos de gravações, montar uma peça frágil, inconsistente, sem o mínimo de embasamento técnico ou de provas para incriminar e desgastar politicamente adversários dos mensaleiros."

Ainda conforme a nota, o governador não se manifestará mais publicamente sobre o assunto, se reservando o direito de prestar informações relativas ao caso somente ao Superior Tribunal de Justiça, "onde as investigações já são conduzidas de forma isenta por pessoas de bem, honestas e que não estão a serviço de nenhum partido político".

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

O governador goiano, Marconi Perillo (PSDB), está entre os suspeitos de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira
O governador goiano, Marconi Perillo (PSDB), está entre os suspeitos de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira
Foto: Rodrigo Cabral / Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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