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CPI do Cachoeira

Relator rebate críticas sobre investigações da CPI do Cachoeira

20 nov 2012 - 14h48
(atualizado às 14h51)
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Na véspera da apresentação de seu relatório final aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG) divulgou um artigo rebatendo as críticas de que os trabalhos avançaram pouco por causa de interesses políticos. No texto, o deputado afirma que se vive hoje na "era das versões" e não na "era dos fatos". Segundo ele, nesta era das versões, a imagem de que a investigação "não saiu do lugar" se cristaliza, assim como o discurso de que o objetivo da CPI é ofuscar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF)do mensalão ou ir à forra contra inimigos políticos, conforme a Agência Senado.

Desacompanhado de advogado, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit depõe na CPI do Cachoeira
Desacompanhado de advogado, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit depõe na CPI do Cachoeira
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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O relator se queixou de que, quando o Ministério Público (MP) pede à Justiça o bloqueio de bens de investigados, "leva sozinho os louros", ainda que a iniciativa tenha sido articulada com a CPI, em movimentação ocorrida no período em que a imprensa considerava como paralisados os trabalhos da comissão. Odair Cunha teme o vazamento de informações e mantém sigilo sobre o relatório a ser apresentado na quarta-feira. A leitura do documento estava marcada para hoje, mas não houve tempo hábil para impressão de todo o material a ser distribuído aos parlamentares.

O deputado afirma ter analisado 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e, ainda, 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas. Somando documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, chega-se ao total de 1,1 terabyte de informações recebidas.

Depois de apresentado o relatório, haverá reuniões para leitura, discussão e finalmente votação do documento. Nessa fase, pode haver concessão de vista (prazo para análise) pelo periódo máximo e improrrogável de cinco dias, conforme Regimento Interno do Senado. Poderá haver ainda apresentação de voto em separado por integrantes da comissão que não concordarem com o relator.

Mais investigações

Os parlamentares insatisfeitos com a condução das investigações já estão finalizando uma representação a ser encaminhada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo que o Ministério Público vá além do que foi apurado pela CPI.

Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e os deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Ônix Lorenzoni (DEM-RS) vão pedir, por exemplo, a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 12 empresas consideradas de fachada ligadas à Construtora Delta, bem como o indiciamento do dono da empresa, Fernando Cavendish.

O texto da representação deve ser concluído nesta terça-feira e pode ser alterado posteriormente, dependendo do conteúdo do relatório apresentado por Odair Cunha.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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