PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Onyx ameaça quem tentar parar CPI: 'vamos nominar cada um'

20 out 2012 - 09h45
Compartilhar

Melissa Bulegon

Deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) durante sessão da CPI do Cachoeira
Deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) durante sessão da CPI do Cachoeira
Foto: Alexandra Martins / Agência Câmara

A biografia dos políticos envolvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira está em jogo. A afirmação é do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que critica o possível acordo entre o PMDB e o PT para encerrar ou estender a comissão, por no máximo, 30 dias. Integrantes das duas legendas estariam temerosos com possíveis "respingos" das investigações. "Se esse acordão, que sem dúvida nenhuma foi tentado, impedir que a CPI se prolongue por um tempo razoável nós vamos levar o caminho mastigadinho para o Ministério Público para que faça a investigação. Isso vai ser a desmoralização do Congresso Nacional e dos partidos que vão fazer esse acordão porque os dados estavam todos lá, só não foi adiante porque um grupo de deputados e senadores, e aí nós vamos nominar cada um, atuou para impedir a investigação", ameaçou Onyx, um dos integrantes da CPI.

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

Os parlamentares só vão decidir por quanto tempo a comissão será prorrogada em reunião no dia 30 de outubro, após o segundo turno das eleições. O plano B de encaminhar o caso ao MP para evitar que tudo "acabe em pizza" está sendo arquitetado pelo grupo dos chamados parlamentares "independentes" - entre eles os deputados Rubens Bueno (PPS-PR), Miro Teixeira (PDT-RJ) e Onyx; e os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Embora o tempo a ser prorrogado ainda não tenha sido definido, o foco das investigações no prazo extra já está sacramentado: esmiuçar o esquema criminoso - apelidado de deltaduto - que tem como protagonistas Carlinhos Cachoeira e o dono da empreiteira da Delta, Fernando Cavendish. "O mensalão que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) envolveu R$ 150 milhões. Nós já identificamos de que a Delta transferiu para empresas laranjas algo na ordem de R$ 400 milhões. Estamos atrás do maior esquema de roubo de dinheiro público que se tem notícia no Brasil nas últimas décadas. O mensalão vai virar coisa de moleque", comparou o deputado do DEM.

Para o parlamentar, o ideal seria estender o prazo da CPI em, no mínimo, 120 dias. "A prorrogação é imprescindível para que a gente consiga a quebra do sigilo bancário de 12 empresas que nós suspeitamos que sejam laranjas e que vão poder nos ajudar a identificar qual foi o destino desse dinheiro porque as sete empresas que quebramos já nos mostram que houve de maneira inequívoca um esquema característico de lavagem de dinheiro", afirmou o democrata. "É um dever do Congresso investigar até onde chegou o conluio Carlinhos Cachoeira e Cavendish. Até onde a rapinagem de recursos públicos se confirma. Até onde houve favorecimento, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e peculato", reforçou.

Pelas apurações levantadas até o momento, a atuação do deltaduto atinge várias regiões do País. A Delta, por exemplo, recebia recursos de um Estado ou do governo federal e repassava para quatro, cinco outras contas bancárias antes de enviar o montante para uma laranja. "O dinheiro toma dois ou três tombos dentro da própria empresa, exatamente para fazer uma mistura e não ter como ser rastreado. Isso se faz para esconder que está se lavando dinheiro. Não se trata se um achado usual. É uma normativa de procedimento", explicou Onyx.

A descoberta da ação de Cachoeira - e, posteriormente, a sua ligação com Cavendish - sobre dinheiro público é consequência das investigações Monte Carlo e Vegas da Polícia Federal (PF) que desvendaram o esquema de jogo do contraventor. Nessa nova fase, a CPI quer confirmar também a suspeita de recursos obtidos com obras e contratos sem licitação ou fraudes nas concorrências. "Nós temos hoje indícios claríssimos de como esse processo se deu. Inclusive há que se explicar como a Delta, no período do Pagot (Luiz Antônio, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte - Dnit), se transformou de uma empresa inexpressiva para uma que chegou a ter o triplo dos recebimentos do Ministério dos Transportes do que as cinco maiores empreiteiras do brasil somadas", disse.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade