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CPI do Cachoeira

Sem resultados práticos, CPI do Cachoeira discute prorrogação

9 out 2012 - 15h45
(atualizado às 16h13)
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

Em funcionamento desde abril, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com autoridades e políticos pode ser prorrogada, se houver uma decisão favorável dos líderes partidários. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) convocou uma reunião para a próxima terça-feira para discutir a prorrogação dos trabalhos, ainda sem tempo definido.

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A discussão partiu de uma matéria publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, que confirmava um acordo entre PT e PMDB para abafar e finalizar os trabalhos da comissão dentro de duas semanas. Segundo a reportagem, ambos os partidos teriam medo que as investigações pudessem prejudicar políticos das legendas.

Até o PSDB, partido de oposição que tem um governador investigado pela comissão - Marconi Perillo, de Goiás -, teria se comprometido a não pressionar pela prorrogação dos trabalhos em troca do livramento de Perillo.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), já teria preparado seu parecer e estaria pronto para apresentá-lo dentro de duas semanas, conforme previa o calendário original, mesmo com os pedidos de prorrogação da comissão. Cunha, no entanto, desmentiu a matéria.

"Não estou admitindo nem negando a prorrogação, estou fazendo o relatório. Isso precisa ser dialogado com os líderes do Congresso. É necessário ampliar o tempo, mas é importante ter clareza que uma investigação vai levar a outra. Trabalho com prazo e quero me manifestar adiante sobre a necessidade ou não de prorrogação", afirmou.

O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) apresentou um requerimento com o objetivo de dar continuidade às investigações. O documento precisa ter o apoio de 171 deputados e 27 senadores. "Considero inevitável, diante de fatos novos que temos, é uma necessidade prorrogar essa CPI", disse.

Os membros do colegiado decidiram adiar a reunião de votação de requerimentos, que aconteceria amanhã, para a próxima quarta-feira. Há, em pauta, mais de 500 requerimentos para serem apreciados pelos parlamentares, incluindo a quebra de sigilos de 12 empresas ligadas à Delta.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

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Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Fonte: Terra
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