PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Na CPI, Pagot afirma ter sido ameaçado por Hélio Costa

28 ago 2012 - 15h40
(atualizado em 29/8/2012 às 15h20)
Compartilhar
Gustavo Azevedo
Direto de Brasília

O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot disparou contra o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB-MG), que o teria pressionado para arrecadar recursos de empresas para sua campanha eleitoral ao governo de Minas Gerais, em 2010.

"Deixei a autarquia sem ter medo do passado", afirma Pagot:

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

Após relatar à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira a mesma pressão para que conseguisse dinheiro para financiar as candidaturas de Dilma Rousseff à presidência e da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, em campanha para o Senado, Pagot revelou detalhes da negociação com o ex-ministro. Segundo ele, Costa pediu uma audiência no Dnit e solicitou que Pagot indicasse empresas para que pudessem financiar sua campanha.

"Fiquei constrangido e fui ameaçado. O ministro e todo seu staff, novamente insistiu que indicasse empresas, quando ele viu a minha negativa, levantou, me deu de dedo e disse: 'vou me eleger governador do Estado de Minas Gerais e a minha primeira atitude será te tirar do Dnit'. Tem coisas como essa que se sofre sendo gestor de uma autarquia", declarou.

Costa acabou ficando em segundo lugar na disputa ao governo mineiro, perdendo para Antonio Anastasia (PSDB). A reportagem tentou entrar em contato com Hélio Costa, mas até as 15h30 de hoje o senador não havia sido localizado.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade