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CPI do Cachoeira

Mulher de Cachoeira vai à CPI e é chamada de mentirosa e cascateira

7 ago 2012 - 11h41
(atualizado às 22h05)
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A mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira chegou às 11h30 desta terça-feira na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado, onde deveria depor à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as relações do seu marido com políticos e empresários. Mesmo sem habeas-corpus que garanta o direito de ficar calada, a depoente declarou que usaria o direito constitucional de permanecer em silêncio na primeira vez que ganhou a palavra.

Kátia Abreu se irritou com o silêncio de Andressa Mendonça e xingou a mulher do bicheiro
Kátia Abreu se irritou com o silêncio de Andressa Mendonça e xingou a mulher do bicheiro
Foto: Ed Ferreira / Agência Estado

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Após repetir a mesma frase, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) dispensou a convocada. Enquanto ela deixava a sala, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chamou Andressa de "mentirosa e cascateira". Mais cedo, antes da mulher de Carlinhos Cachoeira chegar à comissão, Kátia já havia comparado Andressa à vilã Carminha, da novela Avenida Brasil, da Rede Globo.

A senadora informou à CPMI que interpelou judicialmente Andressa Mendonça. Segundo ela, Andressa tentou intimidá-la com declarações à imprensa de que ela teria recebido dinheiro para campanha de Carlinhos Cachoeira.

"Entrei com uma interpelação contra essa senhora, diante desses acontecimentos e da tentativa de me reter, me amedrontar", informou. "Ela disse que eu não saia da casa de Cachoeira para pedir dinheiro para minhas campanhas. Pelo jeito a bela resolveu ser fera", disse a senadora, antes do início do depoimento de Andressa Mendonça.

Além das declarações à imprensa, a senadora informou que recebeu um telefonema no qual o autor da ligação, que não se identificou, disse que Andressa apresentaria à CPMI um dossiê contra a senadora.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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