PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Senadora diz que foi ameaçada e compara Andressa a vilã de novela

7 ago 2012 - 11h16
(atualizado às 14h23)
Compartilhar

Logo no começo dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira desta terça-feira, destinada a ouvir Andressa Mendonça, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse que foi alvo de tentativa de intimidação por parte da mulher do contraventor Carlos Cachoeira, e depois por um telefonema anônimo vindo de um orelhão em Palmas, no Tocantins.

Kátia Abreu compara Andressa e Cachoeira a 'Carminha e Max':

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

A senadora garantiu que continuará "denunciando essa quadrilha" e não será intimidada por Andressa. Segundo Kátia Abreu, a mulher teria prometido desmoralizá-la, em declarações à imprensa, e ameaçou apresentar um dossiê contra ela. A senadora comparou o casal Andressa e Cachoeira aos personagens Carminha e Max, vilãos da novela Avenida Brasil da Rede Globo: "mas não vão arrastar o meu nome para o lixão", declarou a política, em referência à trama.

Kátia Abreu informou à Comissão que interpelou judicialmente Andressa Mendonça. Segundo ela, a intimidação seria dar declarações à imprensa de que ela teria recebido dinheiro para campanha de Carlinhos Cachoeira.

"Entrei com uma interpelação contra essa senhora, diante desses acontecimentos e da tentativa de me reter, me amedrontar", informou. "Ela disse que eu não saia da casa de Cachoeira para pedir dinheiro para minhas campanhas. Pelo jeito a bela resolveu ser fera", disse a senadora, antes da mulher do contraventor chegar à sala.

Katia também disse que foi ameaçada por meio de um telefonema anônimo em razão de sua atuação contra Cachoeira na CPI. Kátia Abreu suspeita que a ligação teria sido feita por ordem de Andressa. "Ela não vai me intimidar. Não devo e não temo", disse a senadora. O senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que a comissão não pode admitir que esse tipo de ameaça aos senadores passe em branco, do contrário ficará desmoralizada.

A reunião foi aberta às 10h25 desta terça-feira. Apesar de não ter habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio, Andressa usou o direito constitucional de não produzir provas contra si, ficou calada e foi dispensada, irritando os parlamentares.

A mulher do contraventor foi convocada pela CPI, pois é acusada de tentar chantagear o juiz responsável pelo caso, Alderico Rocha, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Ela teria ameaçado divulgar um suposto dossiê contra o magistrado caso ele não favorecesse Cachoeira no julgamento. Andressa teve que pagar fiança de R$ 100 mil para não ficar presa.

Também foi convocado para depor nesta terça-feira o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, apontado como um dos "arapongas" do grupo de Cachoeira. Ele havia sido convocado no início de julho, mas apresentou atestado médico. Thomé já tem decisão favorável ao pedido de habeas-corpus impetrado no STF para permanecer em silêncio.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Com informações das agências Câmara e Senado

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade