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CPI do Cachoeira

Para CPI, mulher de Cachoeira integra 'organização criminosa'

2 ago 2012 - 19h28
(atualizado às 23h03)
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O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nesta quinta-feira que a relatada tentativa de chantagem de Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira, contra o juiz da operação Monte Carlo, Alderico da Rocha Santos, faz com que ela passe a ser considerada uma "integrante da organização criminosa".

Andressa Mendonça deixa a Delegacia da Superintendência da Polícia Federal de Goiânia
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Foto: Diomício Gomes / Futura Press

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Nesta semana, Andressa foi detida pela Polícia Federal a pedido da Justiça Federal de Goiás para prestar explicações sobre as ameaças que teria feito ao magistrado. Ela também teve que pagar fiança de R$ 100 mil para permanecer em liberdade e foi impedida de manter contato com pessoas denunciadas pela operação da PF, inclusive o marido que está preso desde fevereiro em Brasília.

Segundo a assessoria da 11ª Vara de Justiça de Goiânia, a mulher de Cachoeira disse ao magistrado que poderia evitar a divulgação de um dossiê contra ele desde que Cachoeira fosse libertado. "Essa atitude mostra que se ela não era passou a compor o quadro de integrantes da organização criminosa", disse o deputado à Reuters nesta quinta.

Cunha disse que não nutre esperanças de que no depoimento marcado para a próxima semana Andressa responda aos questionamentos da CPI. "Não tenho expectativas dos depoimentos de ninguém na próxima semana. Temos que produzir um relatório com base nas provas documentais que estamos recebendo."

Na próxima semana, a CPI retoma os depoimentos de testemunhas, quando será ouvida também, além de Andressa Mendonça, Andréa Aprígio, ex-mulher de Cachoeira. Para o relator, a atitude de Andressa demonstra também que "a organização criminosa continua atuando" e ainda não foi totalmente "desmantelada".

Cunha disse que durante o recesso parlamentar foi possível analisar muitos dados da Polícia Federal e de quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos pedidos pela CPI. Dessas análises, para ele é possível concluir que o "aparelho de segurança de Goiás foi tomado pela organização criminosa".

A CPI também identificou algumas contas bancárias de pessoas ligadas a Cachoeira no exterior, mas ainda não há como mensurar quanto há de dinheiro nesses bancos porque os sigilos dessas informações ainda não foram quebrados pela comissão. Isso só deve ocorrer no dia 14 de agosto, quando haverá uma sessão administrativa da CPI.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de

Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

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