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CPI do Cachoeira

Ex-mulher de Cachoeira entra com pedido para ficar calada na CPI

31 jul 2012 - 19h12
(atualizado às 23h31)
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A ex-mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andréa Aprígio, pode ficar calada durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, marcado para o dia 8 de agosto. A defesa de Andréa entrou com pedido de habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir seu direito constitucional de ficar em silêncio na oitiva da comissão que investiga as atividades de seu ex-marido.

A esposa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, esteve nesta segunda-feira na sede da Polícia Federal em Goiânia (GO) para visitar seu marido
A esposa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, esteve nesta segunda-feira na sede da Polícia Federal em Goiânia (GO) para visitar seu marido
Foto: Sebastião Nogueira/O Popular / Futura Press

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Segundo a assessoria do STF, os advogados também pedem que ela não seja obrigada a assinar termo de compromisso de dizer a verdade e quer o direito de Andréa de não se autoincriminar, de ser assistida por seus advogados e, principalmente, de não ser presa ou processada por desobediência ou falso testemunho. A relatora do habeas-corpus é a ministra Rosa Weber.

No pedido, a defesa alega que Andréa Aprígio foi convocada mediante intimação deixada na portaria do prédio onde reside no momento em que ela estava em viagem. Além disso, os advogados sustentam que o documento indica que ela será ouvida como testemunha, quando, na verdade, ela é investigada em operação da Polícia Federal que deu origem à CPI. Segundo a defesa, por ser investigada, Andréa teve suas contas bancárias bloqueadas, além do sequestro dos bens imóveis e a apreensão do seu veículo.

Outros depoentes

Além de Andréa Aprígio, há um depoente com pedido semelhante e outro com decisão favorável do Supremo. As informações da Agência Senado.

Apontado como contador da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira, Rubmaier Ferreira de Carvalho também entrou com habeas-corpus. Ele é suspeito de ser o responsável pela abertura de empresas que seriam usadas como fachada por Cachoeira para lavar dinheiro e quer exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio durante o depoimento, também previsto para o dia 8.

Outro depoente convocado para a próxima semana, o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, já garantiu o direito de não falar para não se autoincriminar na CPI. Considerado um dos arapongas do grupo, ele já havia sido convocado no início de julho, quando conseguiu a decisão favorável, mas apresentou atestado médico à comissão. O depoimento dele está marcado para o dia 7 de agosto.

Andressa Mendonça

Até agora, não foi impetrado pedido por parte da atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, convocada para falar no dia 7. Andressa deve ser questionada sobre a acusação de tentar chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Segundo o magistrado, ela teria tentado obter decisão favorável ao marido de divulgar um dossiê com informações e fotos dele com políticos e empresários.

Outro convocado para a próxima semana que não recorreu ao STF foi Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Cachoeira, que deve falar no dia 8. Adriano foi preso no dia 6 de julho, suspeito de ameaçar por e-mail a procuradora Léa Batista de Oliveira, uma das responsáveis por denunciar pessoas ligadas à organização na Operação Monte Carlo. Adriano foi solto na última semana, após pagamento de fiança.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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