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CPI do Cachoeira

Jornal: MP suspeita que Andressa seja laranja de Carlinhos Cachoeira

28 jul 2012 - 08h17
(atualizado às 08h20)
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O Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal abrir inquérito para apurar o suposto uso de Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira, como laranja em esquemas do contraventor. Documentos apreendidos na Operação Monte Carlo, indicam que cachoeira negociou a compra de uma fazenda de R$ 20 milhões entre Luziânia e Santa Maria, em Goiás, e passou para o nome de Andressa. Diálogos interceptados pela PF, mostram que Cachoeira planejava fracionar e revender pequenos lotes da propriedade. A terra está sendo pleiteada pelos supostos proprietários por usucapião e o processo para a legalização da fazenda tramita na Justiça, em Brasília. As informações são do jornal O Globo.

Cachoeira teria passado uma fazenda para o nome de Andressa
Cachoeira teria passado uma fazenda para o nome de Andressa
Foto: Randes Nunes / Fotoarena

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A polícia começou a desconfiar do uso de Andressa como laranja da organização de Cachoeira depois de apreender, no computador de Gleyb Ferreira, auxiliar do bicheiro, a cópia de um contrato particular "de compra e venda com recibo de sinal" em nome da mulher de Cachoeira. Pelo documento, a fazenda seria comprada de Dinah Cardoso Mendes e Norgente Pereira Mendes e repassada para Andressa. Como sinal, foram oferecidos três veículos automáticos da Mitsubishi. Em 2 de fevereiro, 26 dias antes de ser preso, Cachoeira tratou da compra da fazenda com Andressa. O diálogo foi gravado na Operação Monte Carlo. "Pega a empresa sua, passa pro Geovani o nome, CPF, tudo, pra escriturar 25% de uma área que nós compramos aqui, e põe ela no ramo imobiliário, tá! Loteamento, essas coisas, ok?", orienta o contraventor, que recebeu a resposta de Andressa: "OK! Então tem que sentar com o meu contador, né? Mas eu já vou passar os dados, pra ele agora, pedir pra minha secretária passar." Procurada pelo jornal, Andressa se defendeu com o argumento de que o contrato de compra e venda, com data de 30 de janeiro deste ano, não está assinado.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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