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CPI do Cachoeira

Defesa negocia apresentar suposto contador de Cachoeira foragido

25 jul 2012 - 20h32
(atualizado às 23h58)
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Mirelle Irene
Direto de Goiânia

Calisto Abdalla Neto, advogado do único réu da Operação Monte Carlo ainda procurado pela Polícia Federal, Geovani Pereira da Silva, esteve nesta quarta-feira na sede da Justiça Federal, onde os outros sete denunciados prestaram depoimento. O defensor disse que tenta, junto à Justiça e ao Ministério Público Federal, apresentar o passaporte de seu cliente, acusado de ser o contador de Cachoeira, para garantir que Geovani não fugiu para o exterior e que tem intenção de colaborar e de se apresentar, assim que tiver a prisão preventiva revogada.

O advogado do único réu da Operação Monte Carlo ainda procurado pela Polícia Federal segura o passaporte de seu cliente. O defensor quer apresentar o documento à Justiça, para garantir que Geovani Pereira da Silva não fugiu
O advogado do único réu da Operação Monte Carlo ainda procurado pela Polícia Federal segura o passaporte de seu cliente. O defensor quer apresentar o documento à Justiça, para garantir que Geovani Pereira da Silva não fugiu
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

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"Até que não seja revogada a prisão, ele não vai se apresentar. Ele não está foragido, ele está escondido e permanece em Goiás. Ele nunca saiu daqui", disse o advogado. Calisto Abdalla Neto afirmou que Geovani não se apresentou à polícia porque não quer ser preso. "Isso é um direito dele. A gente tem que respeitar o direito do cliente", disse.

Segundo o defensor, a situação de foragido não complica a situação de Geovani, e nem significa que ele tenha algo a esconder. "Acho que não vai mudar nada. O (processo do crime pelo qual) ele está sendo acusado já está preparado, a gente já sabe disso", afirmou, com a ressalva de que vai tentar reverter a situação.

Calisto disse que formalizou ontem um pedido por escrito de apresentação do passaporte ao juiz e aos procuradores do caso. "Eles entendem que, se aceitarem nosso pedido, não estariam dando o (mesmo) direito aos outros que ficaram presos", afirmou. O defensor diz que Geovani nega participação no esquema de Cachoeira. "Como todo mundo, negou. Ele poderia até ter falado alguma coisa, mas ele não estava presente para se defender", disse, admitindo que há risco de Geovani ser condenado à revelia.

O advogado disse que chegou a conversar com seu cliente sobre a possibilidade de ele se entregar. "Mas ele disse que não tem condição de ficar preso. Ele teme por seus problemas de saúde", disse, revelando que o suposto contador de Cachoeira toma remédio controlado para depressão e para dormir.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Especial para Terra
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