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CPI do Cachoeira

Ministro: ação da PF contra Cachoeira não tem cor política

18 jul 2012 - 12h47
(atualizado às 23h17)
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Diogo Alcântara
Direto de Brasília

"Não há cores políticas nas investigações (da PF), não há cores ideológicas." Foi assim que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu as críticas do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, sobre a ação da Polícia Federal nas investigações do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ontem, Guerra disse que setores da PF estariam "sendo usados politicamente, com interpretações direcionadas".

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"Toda vez que a polícia federal apura alguma coisa, todos aqueles que querem defender o investigado sempre dizem que é uma ação orquestrada. A atuação da Polícia Federal é uma ação republicana. Aqui não se persegue um governador, um deputado, um senador por ser do PSDB, do PT, da base governista ou da oposição. Aqui se apuram fatos", afirmou Cardozo.

O ministro sugeriu que o PSDB quer politizar a operação investigativa. "Acho que essa crítica é totalmente descabida. Talvez vindo de pessoas que querem fazer política numa investigação que não tem nada de política."

Segundo reportagem da revista Época, um relatório da PF aponta um "acerto" do governador de Goiás, Marconi Perillo, para receber propina da empreiteira Delta em troca de liberação de pagamentos ilegais.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, se emocionou ao falar na CPI do Cachoeira
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Foto: Leonardo Prado / Agência Câmara
Fonte: Terra
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