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CPI do Cachoeira

TO: agência ligada a Cachoeira usava casa do filho do governador

10 jul 2012 - 08h43
(atualizado às 08h50)
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Uma agência de publicidade que presta serviços ao governo do Tocantins funcionava até a semana passada em uma casa de Eduardo Siqueira Campos (PSDB), do filho do governador do Estado, Siqueira Campos. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Ginga Rara Propaganda é ligada ao grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A empresa foi contratada neste ano pelo valor de R$ 5,2 milhões. O acordo com o governo do Tocantins é o único da agência com o poder público. Eduardo Siqueira Campos é secretário de Articulação Institucional do Estado na gestão do pai. Segundo a publicação, ele é visto no meio político local como o "governador de fato".

Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, se emocionou ao falar na CPI do Cachoeira
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Foto: Leonardo Prado / Agência Câmara

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A assessoria de imprensa do secretário declarou que o imóvel foi alugado, e não cedido, para a Ginga Rara e que Campos não teve influência na escolha do inquilino. O jornal teve acesso ao contrato de aluguel da casa, com validade de 18 meses, no valor de R$ 1,3 mil mensais. Já a agência de publicidade afirmou que deixou o imóvel, na semana passada, porque o contrato estava expirando. Antônio Parrode, diretor da empresa, negou qualquer ligação entre a Ginga Rara e o grupo ligado a Cachoeira.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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