PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Gravação mostra esquema de propina em Palmas, diz MP

3 jul 2012 - 22h19
(atualizado às 23h52)
Compartilhar

O Ministério Público do Tocantins (MP-TO) abriu investigação, nesta terça-feira, contra o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). Ele é suspeito de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. De acordo com promotores do MP-TO, um vídeo gravado pelo Polícia Federal (PF) em agosto do ano passado seria um indício do pagamento de propina pela construtora Delta a agentes públicos da capital tocantinense. As informações são do Jornal Nacional, da Rede Globo.

Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, se emocionou ao falar na CPI do Cachoeira
Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, se emocionou ao falar na CPI do Cachoeira
Foto: Leonardo Prado / Agência Câmara

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

Na gravação da PF, Geovani Pereira da Silva, apontado como contador de Cachoeira, combina um depósito de R$ 120 mil com o tesoureiro da Delta Rodrigo Dall Agnol. A quantia seria para Rosilda dos Santos, assessora da deputada estadual e primeira-dama de Palmas, Solange Duailibe. Desde 2006, a Delta é responsável pela coleta de lixo na capital do Tocantins e já teria recebido mais de R$ 50 milhões da prefeitura local.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade