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CPI do Cachoeira

Empresária diz que recebeu dinheiro de Cachoeira por serviço a Perillo

3 jul 2012 - 13h58
(atualizado às 15h06)
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Elaine Lina
Direto de Brasília

Convocada a depor nesta terça-feira no Senado, Ana Cardozo de Lorenzo, que trabalhou na campanha eleitoral de Marconi Perillo ao governo de Goiás de 2010 , não compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), porém, encaminhou documentos comprovando que recebeu dinheiro da empresa Alberto & Pantoja como pagamento por pesquisa eleitoral encomendada por Edivaldo Cardoso de Paula, o ex-presidente do Detran de Goiás. Ana Lorenzo é sócia da empresa Serpes Pesquisas de Opinião e Mercado.

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De acordo com o relator da CPI que apura o envolvimento de políticos e agentes privados com o bicheiro Carlos Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG), os advogados de Ana entregaram documentos comprovando o recebimento de R$ 28 mil. "Ela admite que recebeu R$ 28 mil da empresa Alberto & Panjoja em razão do pagamento de pesquisa eleitoral que teria sido pedida pelo senhor Edivaldo, que é , nada mais nada menos, o presidente do Dentran Goiás. É um vinculo importante de recursos da organização criminosa que viabilizou pesquisa eleitoral," disse Cunha. De acordo com a PF, a Alberto & Pantoja é uma empresa fantasma do grupo de Cachoeira, usada para lavagem de dinheiro.

Cunha disse ainda que a CPI apurou que Ana recebeu R$ 56 mil em conta corrente, e que, por declaração, ela explica a origem de apenas R$ 28 mil.

O relator da CPI do Cachoeira afirmou que há acordo para votação de um novo requerimento de convocação do bicheiro. O assunto será debatido na reunião da próxima quinta-feira, quando também serão tratadas as convocações de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta Construções, e de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O requerimento para que o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), venha a Brasília explicar suas relações com Cachoeira também aguarda por votação.

Se falar à CPI, Cavendish pode elevar a investigação sobre a empresa Delta, até agora restrita ao âmbito da região Centro-Oeste, para nível nacional. Essa possibilidade preocupa parte do governo pois pode dar publicidade aos contratos da Delta dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine do governo Dilma Rousseff.

Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit, denunciou o uso de verbas públicas para suposto caixa dois de campanhas eleitorais no Estado de São Paulo. Para a imprensa, ele disse que duvidava que seria chamado a falar à comissão alegando que muitos têm medo. "Duvido que a CPI me chame. Muitos ali têm medo do que eu possa contar," afirmou em entrevista. O governo também teme que Pagot use a CPI com palco para atacar ministros ou aliados.

Também eram convocados e não se apresentaram à CPI hoje Rosely Pantoja da Silva, sócia da Alberto & Pantoja, e o policial aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de ser um dos "arapongas" a serviço de Cachoeira. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, informou que todos serão convocados novamente.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.

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Fonte: Terra
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