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CPI do Cachoeira

Três integrantes do grupo de Cachoeira voltam a prisão

30 jun 2012 - 13h29
(atualizado às 15h21)
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Três integrantes do grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, soltos no dia 16 de junho por decisão do desembargador Tourinho Neto, foram presos neste sábado pela Polícia Federal, em Anápolis e Goiânia, após o habeas-corpus perder sua validade.

Andressa Mendonça acompanhou o julgamento do habeas-corpus de Carlinhos Cachoeira
Andressa Mendonça acompanhou o julgamento do habeas-corpus de Carlinhos Cachoeira
Foto: Terra

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Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia, apontado como um dos principais auxiliares de Cachoeira; Lenine de Araújo Souza, contador do esquema do bicheiro; e Olímpio de Queiroga Neto, responsável por comandar a abertura e fechamento de pontos de jogos ilegais em Goiás, foram detidos por ordem do desembargador Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com base na Operação Monte Carlo.

Gleyb Ferreira da Cruz, que já estava preso devido à Operação Saint-Michel, teve novamente a prisão decretada. A Polícia Federal informou que os três devem permanecer detidos na sede da instituição durante o final de semana.

Wladimir Garcez, Lenine de Araújo e Olímpio de Queiroga Neto já prestaram depoimento à CPI do Cachoeira. Os dois primeiros negaram a participação na organização criminosa. Queiroga Neto não respondeu a perguntas na CPI.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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