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CPI do Cachoeira

Advogados: após 'surto', psiquiatra revê remédios de Cachoeira

23 jun 2012 - 09h56
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Reportagem publicada neste sábado pelo jornal Folha de S. Paulo afirma que um dos defensores de Carlinhos Cachoeira - preso desde o final de fevereiro, acusado de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais em Goiás - revelou que o contraventor teve um "pequeno surto" ao se desentender com um carcereiro e um companheiro de cela, no presídio da Presídio da Papuda, em Brasília. "O psiquiatra foi hoje (sexta-feira) reavaliar medicamentos e o que nos preocupa é a saúde mental", afirmou outra integrante da equipe de defesa de Cachoeira, a advogada Dora Cavalcanti.

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O surto ocorreu no mesmo dia em que Cachoeira sofreu duas derrotas judiciais. De acordo com a matéria, ele quase brigou com o companheiro de cela e xingou um agente do Departamento Penitenciário Nacional. Segundo seus advogados, durante o jantar de quinta-feira o bicheiro discutiu com o outro preso sobre o canal a ser sintonizado na TV. Enquanto o colega queria ver um programa policial, Cachoeira queria algo mais tranquilo. Os dois começaram a bater boca e quase se agrediram fisicamente. Com a discussão, o agente penitenciário interveio e exigiu que Cachoeira colocasse as mãos para trás. O empresário se recusou e xingou o carcereiro. A advogada do contraventor disse que seu cliente "teve uma descompensação séria" e não estava bem desde a manhã de quinta.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Andressa Mendonça acompanhou o julgamento do habeas-corpus de Carlinhos Cachoeira
Andressa Mendonça acompanhou o julgamento do habeas-corpus de Carlinhos Cachoeira
Foto: Terra
Fonte: Terra
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