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CPI do Cachoeira

Em ano eleitoral, Delta movimentou R$ 82,6 milhões de conta

14 jun 2012 - 08h43
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Em 2010, ano eleitoral, a Delta, empreiteira suspeita de envolvimento com o esquema de Carlinhos Cachoeira, fez R$ 82,6 milhões em transferências por meio de uma única conta corrente no BMG, segundo documentos em poder da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O banco, que estaria envolvido no mensalão do governo Lula, não informou os destinatários dos repasses. Foram feitos ao menos 20 pagamentos, que variam de R$ 300 mil a R$ 18,6 milhões, sendo 15 deles após o início do período eleitoral, em julho. As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo.

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A CPI pediu quebra de sigilo para vários bancos, mas a maioria que respondeu solicitou mais prazo. A quebra de sigilos da Delta é a aposta da comissão para avançar nas relações da empresa com a organização de Cachoeira com políticos. As transferências ficaram em R$ 4,3 milhões em 2009. Os extratos da conta, aberta no Rio, sede da construtora, contêm movimentações de 2003 a 2012.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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