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CPI do Cachoeira

CGU: Delta é inidônea e não pode mais participar de licitações

12 jun 2012 - 18h12
(atualizado às 23h18)
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Diogo Alcântara
Direto de Brasília

A Controladoria-Geral da União (CGU) declarou nesta terça-feira a empreiteira Delta Construções S/A como empresa inidônea para contratar com a Administração Pública. Na prática, a empresa ficará proibida de participar de novos processos licitatórios. No caso dos contratos vigentes, cabe a cada pasta decidir se vai romper os contratos ou se vai mantê-los. As análises devem ser feitas caso a caso. A declaração de inidoneidade foi assinada hoje pelo ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, e será publicada amanhã no Diário Oficial da União.

Perillo depõe como testemunha à CPI do Cachoeira
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Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

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A decisão da CGU foi tomada com base na conclusão de processo administrativo aberto na Corregedoria-Geral da União, um órgão da CGU, em abril. Segundo pareceres de órgãos da Controladoria, a Delta "violou princípio basilar da moralidade administrativa ao conceder vantagens injustificadas (propinas) a servidores do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Ceará". Os processos apontam ainda provas de que a empresa pagou valores e bens, como aluguel de carro, compra de pneus, combustível, passagens aéreas, diárias em hotéis e refeições a servidores responsáveis pela fiscalização de contratos entre o Dnit e a empresa.

A empreiteira Delta está no epicentro das investigações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, empresários e servidores e é uma das empresas que mais tem contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na semana passada, a empresa entrou na Justiça do Rio de Janeiro pedindo recuperação judicial. A empresa reconhece que enfrenta dificuldades financeiras e afirma sofrer "bullying empresarial".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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