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CPI do Cachoeira

Pergunta sobre sigilo bancário de Perillo gera bate-boca na CPI

12 jun 2012 - 16h09
(atualizado às 16h55)
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Elaine Lina
Direto de cidade

Parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira subiram o tom na tarde desta terça-feira, depois de cinco horas do depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Petistas e tucanos se estranharam depois que o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), perguntou ao governador se ele abriria seu sigilo bancário do ano 2011. "Já que o senhor está tão prestativo", ironizou. O deputado Carlos Sampaio (PSDB) rebateu e começou então o bate-boca.

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Sampaio argumentou que quebra de sigilo é assunto para requerimento. "O senhor está apresentando um requerimento disfarçado de pergunta", disse a Cunha, que de fato já apresentou à CPI pedido de quebra de sigilos telefônico, bancário e fiscal do governador goiano - ainda não colocado em votação.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB), ainda tentou, em vão, evitar que Odair Cunha repetisse a pergunta. O relator alegou que Perillo está na CPI em condição de "investigado" e não de "testemunha", o que irritou ainda mais os parlamentares do PSDB. Com todos falando ao mesmo tempo, seguiram com palavras de ordem contra e a favor do tucano.

Os tucanos questionaram Cunha se ele agiria da mesma forma no depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF), marcado para esta semana. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), pediu ordem durante alguns minutos, enquanto Odair Cunha apontava o dedo para o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB): "o senhor me respeite!"

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Fonte: Terra
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