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CPI do Cachoeira

CPI do Cachoeira ouvirá testemunhas ligadas a Perillo

4 jun 2012 - 12h14
(atualizado às 13h13)
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A Comissão Parlamentar de Inquérito mista que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados se reunirá na terça-feira para o depoimento de quatro pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A reunião estava marcada para iniciar às 10h15 na Sala 2 da Ala Alexandre Costa do Senado. As informações são da Agência Senado.

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O primeiro a ser ouvido será Walter Paulo Santiago, empresário e um dos proprietários da Faculdade Padrão, para quem o governador teria vendido um imóvel no condomínio Alphaville Ipês, em Goiânia. Foi nesse imóvel que Carlinhos Cachoeira foi preso durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, abrindo suspeitas de que ele seria o verdadeiro comprador, tendo Walter operando como intermediário para esconder a transação.

Os parlamentares também ouvirão Sejana Martins, uma das proprietárias da empresa Mestra Administração e Participações, dona legal da casa no condomínio Alphaville. Além disso, a empresa nunca teve Walter Paulo Santiago em seu quadro societário. Parlamentares desconfiam que a empresa foi usada como laranja na negociação. Eles também estranharam o fato de que, dois dias após a compra da casa, Sejana tenha deixado a sociedade. Além disso, ela é diretora da Faculdade Padrão.

Écio Antônio Ribeiro, o único sócio remanescente da Mestra Administração e Participações, também será ouvido pela CPI. O outro sócio, Fernando Gomes Cardoso (a ser ouvido futuramente, pois já há requerimento aprovado nesse sentido), deixou a sociedade alguns meses depois.

Eliane Gonçalves Pinheiro, a ex-chefe de gabinete do governador Perillo, também foi convocada. De acordo com inquérito da PF, Eliane teria recebido um telefone exclusivo para se comunicar com Cachoeira, que repassaria a ela informações sigilosas sobre operações policiais. Ela chegou a receber informações sobre investigações da Polícia Federal que beneficiavam políticos ligados ao investigado. Gravações telefônicas da PF mostram, por exemplo, que a ex-chefe de gabinete avisou ao prefeito de Águas Lindas, Geraldo Messias, um aliado de Perillo, de que a polícia faria uma busca na residência dele. Graças ao alerta, o prefeito não pode ser encontrado.

Em uma conversa telefônica registrada pela PF, Cachoeira pergunta a Eliane se ela havia contado algo para "o maior". De acordo com o requerimento de convocação de Eliane, de autoria do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), a expressão poderia ser uma referência a Perillo.

Na última quarta-feira, os integrantes da CPI aprovaram requerimento para convocar o próprio governador Marconi Perillo, além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Os depoimentos foram agendados pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para os dias 12 e 13, respectivamente.

Agnelo

Na última quinta-feira, os advogados do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, apresentaram requerimento à CPI do Cachoeira para pedir acesso amplo, total e irrestrito a toda a documentação referente às Operações Vegas e Monte Carlo, que subsidiam o trabalho da comissão.

O requerimento também pede permissão para que os advogados possam assistir a todas as sessões da CPI, inclusive as secretas.

Mais denúncias

Na sexta-feira passada, o jornal O Estado de São Paulo publicou notícia de que o jornalista goiano Luiz Carlos Bordoni afirmou que uma empresa do esquema de Carlinhos Cachoeira foi usada para pagar os serviços de publicidade que ele prestou para a campanha de Perillo . Segundo Bordoni, o pagamento, feito pela Alberto e Pantoja, empresa fantasma que segundo a PF era controlada por Cachoeira, foi comandado por Lucio Fiúza Gouthier, assessor especial de Perillo.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Ao falar do amigo Carlos Cachoeira, Demóstenes alegou que acreditava que o empresário já tinha abandonado a ilegalidade: "Ele disse que não estava mais na contravenção. E disse isso a várias pessoas. E eu acreditei"
Ao falar do amigo Carlos Cachoeira, Demóstenes alegou que acreditava que o empresário já tinha abandonado a ilegalidade: "Ele disse que não estava mais na contravenção. E disse isso a várias pessoas. E eu acreditei"
Foto: Pedro França / Agência Senado
Fonte: Terra
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