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CPI do Cachoeira

Cheques que pagaram casa de Perillo são de conta usada pela Delta

1 jun 2012 - 08h36
(atualizado às 19h39)
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Peritos da Polícia Federal revelam que os cheques que pagaram o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pela venda da casa que ele comprou em 2011 provêm de uma conta bancária que recebeu dinheiro da empreiteira Delta. Entre março e maio, o tucano recebeu três cheques nominais da Excitant Confecções, oriundos de uma conta na Caixa Econômica Federal em Anápolis. Dois eram de R$ 500 mil e um era de R$ 400 mil. A empresa pertence a uma cunhada do bicheiro Carlinhos Cachoeira. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

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Foto: Beto Barata / Agência Estado

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Segundo a PF, nesse período a Delta depositou altas quantias nessa conta por meio de uma empresa fantasma chamada Alberto e Pantoja Construções, criada pelo grupo de Cachoeira com o único fim de receber dinheiro da construtora. No dia 30 de março, por exemplo, houve um repasse de R$ 1 milhão. A assessoria de Marconi Perillo diz que ele agiu de boa-fé na venda da casa: "Se houvesse má-fé ele não teria recebido em cheques nem depositado em sua conta. (...) Não cabia ao vendedor do imóvel verificar a origem dos cheques nem dos recursos. Quem deve explicações sobre os cheques é o emitente".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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