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CPI do Cachoeira

Marco Maia diz ter dúvidas sobre comportamento de Gilmar Mendes

29 mai 2012 - 19h35
(atualizado às 19h43)
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O presidente da Câmara, Marco Maia, questionou nesta terça-feira a versão apresentada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tentado pressioná-lo a adiar o julgamento do mensalão. Maia afirmou ter dúvidas sobre o comportamento do ministro. "Tenho dúvida sobre o comportamento do ministro Gilmar Mendes porque há um questionamento: por que ele veio tratar sobre esse assunto exatamente agora, depois de um mês da realização da reunião?", disse. As informações são da Agência Câmara.

O ministro do STF Gilmar Mendes afirmou, em entrevista à revista Veja, que Lula teria prometido a ele proteção na CPI do Cachoeira, dando a entender que, em troca, queria que o julgamento do mensalão fosse adiado
O ministro do STF Gilmar Mendes afirmou, em entrevista à revista Veja, que Lula teria prometido a ele proteção na CPI do Cachoeira, dando a entender que, em troca, queria que o julgamento do mensalão fosse adiado
Foto: Nelson Jr. / Agência Brasil

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"Não acredito que o ex-presidente Lula tenha expressado ou tratado o assunto da forma como foi relatado pelo ministro Gilmar Mendes", afirmou Maia. O presidente da Câmara não quis dizer se alguém mentiu sobre o conteúdo da reunião, mas questionou o fato de a conversa só ter sido divulgada somente agora.

Segundo reportagem da revista Veja desta semana, a reunião ocorreu no dia 26 de abril, no escritório do ex-ministro do STF Nelson Jobim. Em entrevista à publicação, Gilmar Mendes disse que Lula teria prometido a ele proteção na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, dando a entender que, em troca, queria que o julgamento do mensalão fosse adiado.

Para Marco Maia, no entanto, o mensalão é um tema tratado em várias conversas de pessoas ligadas à política e isso é "perfeitamente normal". "É inevitável para o mundo da política, em qualquer encontro que se tenha com alguém do STF, perguntar como andam os debates e as discussões do mensalão, porque isso tem impacto no mundo da política", disse.

O presidente da Câmara também criticou a excessiva "politização" do caso. "É prejudicial a uma votação e a um julgamento isento. A politização não faz bem a ninguém", disse.

No encontro, ainda de acordo com Veja, Lula teria citado uma viagem a Berlim, na Alemanha, em que Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), hoje investigado por suas ligações com Cachoeira. Afirmando ter ficado perplexo com o comportamento e as insinuações do petista, Mendes disse que não tem motivo para preocupação com as investigações e que o ex-presidente poderia "ir fundo na CPI".

Em nota divulgada na segunda-feira, o ex-presidente Lula negou ter pressionado Gilmar Mendes. No texto, o líder do PT afirmou que seu sentimento era de "indignação" com as denúncias.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Fonte: Terra
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