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CPI do Cachoeira

Relator: Cláudio Abreu movimentava contas da Delta nacional

22 mai 2012 - 22h02
(atualizado às 22h07)
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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse nesta terça-feira que o ex-diretor da empresa Delta Construções Cláudio Abreu movimentou contas nacionais da construtora, suspeita de fazer parte do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. "As contas da Delta nacional movimentadas por Cláudio Abreu foram instrumentos de transferências de dinheiro para empresas laranjas ou ligadas à organização criminosa. É um indício forte", disse o relator.

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Foto: Beto Barata / Agência Estado

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Cunha também salientou que é crescente a necessidade de quebra de sigilo da empresa. Ele chegou a essa conclusão após analisar os dados bancários das filiais da construtora no Centro-Oeste. A CPI quebrou o sigilo das empresas nos Estados da região na semana passada. "Eu não analisei todos os documentos, mas, com certeza, aumentam os indícios e a probabilidade de nós quebrarmos o sigilo da Delta nacional", avaliou o relator. Ainda nesta terça-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) autorizou a quebra do sigilo bancário da Delta nacional.

Na ocasião da quebra de sigilo da representação da empresa no Centro-Oeste, Cunha foi contrário à aprovação do mesmo processo na matriz da construtora, alegando não ter observado indícios suficientes do envolvimento da Delta nacional no suposto esquema de Carlinhos Cachoeira.

Hoje, o relator da CPI disse que as suspeitas apontam que Cláudio Abreu tinha procuração e autorização dos donos da empresa para movimentar as contas nacionais. "Este é mais um indício contundente e forte de que diretores nacionais da Delta tinham conhecimento do envolvimento de Cláudio Abreu com o contraventor", afirmou Cunha.

"Nós já temos condições de afirmar que Cláudio Abreu movimentava as contas da Delta nacional. Ele era procurador. Logo, para fazer isso, ele tinha que ter conivência dos diretores nacionais", disse o relator.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Agência Brasil Agência Brasil
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