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CPI do Cachoeira

Após SMS a Cabral, Vaccarezza diz que não haverá 'blindagens' na CPI

18 mai 2012 - 16h47
(atualizado às 16h57)
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O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), que foi flagrado enviando uma mensagem ao celular do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, disse nesta sexta-feira que não haverá "blindagens" nos trabalhos da comissão. Em nota oficial, o parlamentar afirma que "qualquer um que tiver relação com a organização criminosa de Carlos Cachoeira será investigado".

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As imagens do texto escrito por Vaccarezza foram divulgadas na noite de ontem no programa Jornal do SBT. "A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos 'teu' (sic)", escreveu o deputado a Cabral.

Segundo o parlamentar, a mensagem mostra sua preocupação com a boa relação entre PT e PMDB. "O texto da mensagem captado ontem pela TV refletiu minha preocupação pessoal com tensionamentos pontuais entre o PT e o PMDB. Meu objetivo era deixar claro ao governador Sérgio Cabral que, apesar das discordâncias pontuais, a boa relação entre nossos partidos deve ser mantida", disse Vaccarezza no comunicado.

A mensagem foi escrita durante a sessão em que os parlamentares discutiam se Cabral e os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) seriam chamados a depor na CPI. Os políticos são citados em escutas da Polícia Federal envolvendo Cachoeira, segundo delegados da PF que prestarem depoimentos à comissão.

Na nota, Vaccarezza afirmou que Cabral não tem ligações com o esquema de Cachoeira, mas acusou Perillo de estar envolvido com o grupo do bicheiro. "Gostaria de enfatizar ainda que o governador Sérgio Cabral (PMDB) não foi citado em nenhuma gravação dos inquéritos, conforme atestado nos depoimentos dos delegados da Polícia Federal à comissão. Logo, não tem sentido falar em uma suposta 'blindagem'. A situação é diferente no caso do governador Marconi Perillo (PSDB), contra quem pesam suspeitas fortes de que havia uma cota de funcionários do seu governo indicados pela organização criminosa, principalmente na Polícia Civil e no Detran-GO", disse o deputado.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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