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CPI do Cachoeira

Para presidente do PSDB, Cachoeira não é um 'monstro' e fala demais

18 mai 2012 - 12h14
(atualizado às 13h57)
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Thiago Tufano
Direto de São Paulo

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, falou sobre a não convocação dos governadores, parlamentares e da empreiteira Delta à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga Carlinhos Cachoeira. Na manhã desta sexta-feira, o deputado federal criticou a investigação e afirmou que o vazamento teve como objetivo danificar a oposição. Além disso, Guerra afirmou ainda que o bicheiro não é "o monstro de vários braços" que aparenta: "ele apenas fala demais".

"Na minha opinião, a CPI deveria investigar o Cachoeira, que é um fato relevante, mas não desse tamanho. Acho que ele é muito mais um provinciano que fala demais. As investigações têm que se dar onde de fato tem sentido fazer, como em todas as áreas em que há contrato da Delta e interferência de amigos seus", afirmou Guerra.

Para o presidente do PSDB, as investigações começaram de maneira errada. "Essa CPI tem problemas graves para resolver. Ela começa ao contrário de outras comissões, com as investigações desenvolvendo a agenda e não a agenda desenvolvendo as investigações. É preciso ter outra tecnologia para trabalhar em uma CPI dessa maneira".

De acordo com Guerra, agora é o momento dos partidos se reunirem para trabalhar suas agendas em cima dessa CPI. Para o deputado federal, o PMDB quer proteger seus governadores, enquanto o PT não quer que as investigações tenham características administrativas para que não sejam feitas análises públicas.

"Já o PSDB tem que se defender de acusações que foram remetidas contra alguns de seus quadros. Nós tivemos a clareza em nossa defesa. Antes de qualquer atitude estamos prontos para esclarecer", disse Guerra.

O presidente do PSDB negou a informação de que houve ordem para poupar a Delta em troca da não convocação do tucano Marconi Perillo, atual governador de Goiás. "O Perillo já se dispôs a ser convocado. O que não tem sentido é convocar o Perillo e não convocar os outros governadores (Agnelo Queiroz, do PT-DF, e Sérgio Cabral, do PMDB-RJ. Isso é um pré-julgamento, uma pré-condenação. A investigação tem que se dar em todo lugar, com tranquilidade e isenção".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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