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CPI do Cachoeira

CPI: goveno e oposição ensaiam acordo e livram governadores

17 mai 2012 - 15h22
(atualizado às 19h10)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

Em sessão administrativa realizada nesta quinta-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira teve um dia cheio. Em pouco mais de cinco horas, aprovou a convocação de 51 pessoas, 36 quebras de sigilo e rendeu muito bate-boca entre os seus integrantes. Mas mostrou, também, um acordo tácito entre o governo e a oposição para blindar seus maiores expoentes políticos.

O mote da reunião já havia sido dado na noite de ontem, quando o presidente da CPI, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB,) afirmou que a comissão teria uma pauta técnica. "Vamos unicamente votar quebras de sigilo que precisam chegar com rapidez para municiar a ação dos parlamentares", justificou Vital.

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Quase ao fim da sessão de hoje, no entanto, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) apresentou um pedido à comissão para que fossem analisados requerimentos não previstos na pauta do relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG).

Em uma manobra política nem tão incomum, os parlamentares do PT discursaram contra a proposta. Os do PSDB, por sua vez, falaram a favor da apreciação dos requerimentos que, inclusive, pediam a convocação dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Na hora de votar, no entanto, oposição e governo seguiram o mesmo caminho e preferiram adiar a discussão.

"Não vamos permitir que transformem a CPI em palanque político trazendo aqui governadores de Estado sobre o qual não há materialidade nas acusações", defendeu o relator Odair Cunha.

Curiosamente, foi aprovada a convocação de Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, mencionado em conversas telefônicas entre integrantes da quadrilha de Cachoeira. Outro convocado é Leonardo Almeida Ramos, sobrinho do bicheiro. Em depoimento à CPI, o delegado Matheus Mella Rodrigues, da Polícia Federal, confirmou que Cachoeira participou da compra de uma casa de Marconi Perillo. Foram usados três cheques de Leonardo Almeida Ramos que somavam R$ 1,4 milhão.

Questionado sobre um possível acordo, o senador Vital do Rêgo reagiu com nervosismo. "Não existe acordo nesta comissão. Votam-se requerimentos. Eu e o relator construímos uma pauta de votação e ela foi apreciada pelos integrantes da comissão", disse o presidente da CPI.

Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), além dos governadores é fundamental ouvir o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, para que a comissão não se torne "de brincadeirinha". O plano de trabalho da CPI para o mês de maio não prevê uma nova rodada de apreciação de requerimentos que possa resultar na convocação nem dos governadores nem de Cavendish. Em junho, haverá uma nova avaliação sobre a convocação dos quatro.

O depoimento de Carlinhos Cachoeira está mantido para a próxima terça-feira, dia 22, às 14h. Dois dias depois serão ouvidos os principais auxiliares do bicheiro: Gleyb Ferreira da Cruz e Lenine Araújo de Souza, apontados como contadores da quadrilha; Wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB goiano; José Olympio de Queiroga, sócio de Cachoeira; além do araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos braços-direito do contraventor.

Fonte: Terra
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