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CPI do Cachoeira

MPF-GO denuncia delegado da PF que vazou informações a Cachoeira

9 set 2013 - 20h48
(atualizado às 20h53)
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Acusado de vazar informações sigilosas à organização comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, o delegado da Polícia Federal Fernando Antônio Hereda Byron Filho foi denunciado, em ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), anunciou a promotoria nesta segunda-feira. 

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Byron já é réu em outra denúncia apresentada pelo MPF, no início de 2012. Cooptado pela organização do bicheiro quando trabalhava no departamento da PF em Anápolis (GO), o delegado passou a revelar dados sigilosos de investigações em troca de benefícios financeiros da quadrilha de Cachoeira.

“Byron revelou, de modo sistemático, fatos de que teve ciência em razão do seu cargo de delegado de polícia, tendo, assim exercido a função de participante, dentro das entranhas do Estado, da organização com a função de obter informações sigilosas de interesse do grupo, em especial, de Carlinhos Cachoeira”, afirmou o procurador da República Raphael Perissé, autor da ação.

Segundo o MPF, com base na análise de escutas telefônicas entre Byron e Cachoeira, o delegado foi o responsável pelo fracasso das operações Apate e Via Real da PF.

Além de ser condenado por improbidade administrativa, o MPF quer que Byron seja obrigado a ressarcir os custos dessas operações policiais. O valor a ser pago pelo réu ainda não foi definida. 

Ainda de acordo com a denúncia, outras informações sigilosas foram “vazadas” por Byron.  As investigações do MPF apontam que o delegado chegou a fornecer informações para Cachoeira no caso Mutirama. 

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumpriria a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. O pedido foi negado pela Justiça.

No dia 7 de dezembro, Cachoeira voltou a ser preso. O juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiás, condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de reclusão por diversos crimes relativos à Operação Monte Carlo e determinou sua prisão preventiva. A defesa recorreu e, quatro dias depois, o juiz federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) concedeu novo habeas-corpus e Cachoeira foi libertado.

Fonte: Terra
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