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CPI do Cachoeira

Motorista de Cláudio Abreu não fala e é dispensado da CPI

4 set 2012 - 11h58
(atualizado às 12h05)
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O motorista André Teixeira Jorge, que trabalhava para Cláudio Abreu - ex-gerente da construtora Delta no Centro-Oeste - usufruiu de seu direito de permanecer em silêncio em seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira nesta terça-feira e foi dispensado pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). As informações são da Agência Câmara.

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Teixeira Jorge obteve liminar em pedido de habeas-corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é apontado pela polícia como integrante da organização. As investigações apontam que sua evolução patrimonial e suas movimentações financeiras são incompatíveis com os rendimentos declarados, o que faz com que suspeitas de que ele seja usado como laranja pelo grupo sejam levantadas.

O outro depoimento desta terça, do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), foi cancelado e ainda não foi remarcado. O deputado enviou ofício à comissão afirmando que tinha compromissos inadiáveis marcados para hoje.

O senador Vital do Rêgo convocou as lideranças dos partidos para uma reunião na quarta-feira em seu gabinete, às 16h. O objetivo é tentar um acordo para uma reunião administrativa, que só poderá acontecer se houver um acordo entre os líderes partidários.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que apresentará na reunião um balanço de todos os documentos recebidos pela comissão e uma relação dos que faltam. "Isso se tornou muito mais importante, diante do código de silêncio dos depoentes", disse.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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