PUBLICIDADE

CPI do Cachoeira

Liminar suspende audiência que iria ouvir Cachoeira em Goiânia

31 mai 2012 - 08h15
(atualizado às 09h54)
Compartilhar

Mirelle Irene
Direto de Goiânia

Cancelamento do depoimento de Cachoeira frustra manifestantes e imprensa que aguardavam em frente à 11ª Vara
Cancelamento do depoimento de Cachoeira frustra manifestantes e imprensa que aguardavam em frente à 11ª Vara
Foto: Ricardo Rafael / Futura Press

Uma liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região por volta das 22h desta quarta-feira suspendeu a audiência que iria ouviu o contraventor Carlinhos Cachoeira e outros sete réus suspeitos de operar uma rede de jogos ilegal em Goiás. Os depoimentos estavam marcados para estas quinta e sexta-feira, em Goiânia.

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

A decisão do desembargador Fernando Tourinho Neto atende o pedido da advogada de defesa de Carlinhos, Dora Cavalcanti, que alegou que não houve tempo e condições de conversar reservadamente com o seu cliente. Também disse não ter recebido informações técnicas sobre as interceptações que constam no processo. A defesa criticou ainda o desmembramento do processo entre os réus presos e em liberdade, afirmando que isso prejudica o conhecimento das provas e depoimentos colhidos nos dois lados.

Apesar de o pedido ser apenas para Cachoeira, a liminar atingiu a todas as 15 testemunhas, sendo quatro de acusação e 11 de defesa, e os oito réus que iriam depor na 11ª Vara da Justiça Federal - Seção Judiciária de Goiás.

Para o desembargador, o processo não pode continuar enquanto as companhias telefônicas não fornecerem dados complementares e enquanto não houver pelo menos quatro horas de conversa privada entre Cachoeira e seus advogados, sem a supervisão de agentes da Polícia Federal.

A Polícia Federal havia montado um esquema especial de segurança, inclusive com interdição de ruas e restrição ao prédio. O depoimento de Carlinhos Cachoeira estava marcado para a sexta-feira. Ele viria do presídio da Papuda, em Brasília, onde se encontra desde que foi preso.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade