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CPI do Cachoeira

Jornal: suplente de Demóstenes se dizia grato a Carlinhos Cachoeira

12 jul 2012 - 08h26
(atualizado às 08h47)
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Herdeiro de Demóstenes Torres no Senado, o primeiro suplente Wilder Morais (DEM-GO), 44 anos, foi colocado no cargo pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Segundo áudios gravados pela Polícia Federal, em sete conversas entre Wilder e Cachoeira, o suplente chama o bicheiro de "Vossa Excelência". Cachoeira lembrou a Wilder o papel que teve na sua ascensão política em uma longa conversa em junho de 2011. A conversa aconteceu no auge de uma crise entre eles gerada pelo envolvimento de Cachoeira com a então mulher do suplente, Andressa Morais. Andressa e Cachoeira, que hoje estão juntos, se conheceram em um jantar na casa de Wilder, em 2009. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Wilder Morais deve assumir a vaga de Demóstenes no Senado
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Foto: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Infraestrutura de Goiás / Divulgação

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"Eu não vou expor você, cara. Fui eu que te pus na suplência, essa secretaria, fui eu, você sabe muito bem disso. Então, para que eu vou te expor", afirma Cachoeira. Wilder concorda e demonstra gratidão ao contraventor: "Carlinhos, pensa um cara que nunca teria encontrado um governo, que nunca teria sido bosta nenhuma. Você está falando com esse cara." O jornal tentou entrar em contato com Wilder, que passou o dia ontem em sua fazenda em Goiás e viajaria hoje, em férias, para o Ceará.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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