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CPI do Cachoeira

Depoimento de Cachoeira na CPI de Goiás é adiado

6 ago 2012 - 15h32
(atualizado às 15h46)
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Mirelle Irene
Direto de Goiânia

O depoimento que o bicheiro Carlinhos Cachoeira prestaria nesta quarta-feira em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa de Goiás, que o investiga, foi adiado. Um pedido do relator da Comissão , deputado Talles Barreto (PTB), suspendeu as sessões da CPI desta semana, alegando necessidade de mais prazo para ter acesso e analisar documentos importantes para a investigação.

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Em Goiás, a CPI investiga desde junho as possíveis ligações de autoridades goianas com o bicheiro, em nível municipal e estadual, bem como a atuação das empresas Delta e Gerplan. Com a suspensão das sessões que aconteceriam nesta terça, quarta e quinta-feira, além do depoimento de Cachoeira, outros seis foram adiados, dentre eles o do ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot, programado anteriormente para acontecer amanhã. Na quinta, seria a vez do empresário Walter Paulo Santiago e do ex-presidente do Detran, Edivaldo Cardoso.

Também foi adiada, por consequência, as votações para intimar a prestar depoimento o ex-coordenador da campanha de Iris Rezende em 2010, Sodino Vieira, e autorizar a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico dele. "Não adianta nada ouvir, por exemplo, o Pagot, sem antes termos documentos para embasar nossas perguntas", explicou o relator Talles Barreto, que está indo a Brasília até quarta-feira para solicitar documentos à CPMI do Cachoeira no Congresso. "Além disso, vamos verificar quais os documentos a que a CPMI está tendo dificuldades de acesso e também os solicitaremos por aqui", disse Barreto.

Segundo o relator, as novas datas dos depoimentos serão remarcadas na semana que vem, com a retomada das sessões da CPI. "Acredito que ainda neste mês de agosto tomaremos estes depoimentos. Foi apenas um adiamento", afirmou Talles Barreto.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Carlinhos Cachoeira terá que aguardar mais tempo para depor em CPI
Carlinhos Cachoeira terá que aguardar mais tempo para depor em CPI
Foto: Roosewelt Pinheiro / Agência Brasil
Fonte: Especial para Terra
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