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CPI do Cachoeira

Demóstenes volta a tribuna e insiste que há montagem em áudios

9 jul 2012 - 15h29
(atualizado em 10/7/2012 às 00h19)
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Elaine Lina
Direto de Brasília

Pela sexta vez em uma semana, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) voltou a discursar no Plenário do Senado para defender o seu mandato. Na tribuna nesta segunda-feira, novamente tentou desqualificar as acusações. O parlamentar será julgado na quarta-feira por supostamente ter usado o seu mandato para favorecer o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Senador Demóstenes discursa mais uma vez para plenário vazio
Senador Demóstenes discursa mais uma vez para plenário vazio
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Reafirmando inocência e reclamando mais uma vez da qualidade das provas colhidas em escutas telefônicas, Demóstenes apelou para que os senadores votem contra a cassação de seu mandato. "Será a maior injustiça da história do parlamento brasileiro, há montagens (nosáudios) para aproveitar apenas as frases que levariam a minha incriminação", alegou.

Demóstenes disse que a representação contra ele está baseada apenas em notícias dadas pela imprensa, e deveria ter sido arquivada. "Esta é uma representação cujo teor são notícias de jornal, não especifica onde e quando eu quebrei o decoro, a verdade é óbvia e está do meu lado".

O senador é acusado de ter usado o seu mandato para atender a interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira e ter recebido vantagens por isso.Demóstenes tem repetido por diversas vezes que não fez lobby e não recebeu dinheiro do empresário. A defesa alega que as escutas que flagraram as relações de Demóstenes e o bicheiro são ilegais e teriam sido alteradas e editadas com a finalidade de atingir o senador.

O julgamento final de Demóstenes na quarta-feira será por meio de voto secreto no Senado. Se perder o mandato, o parlamentar também ficará inelegível até 2015.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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