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CPI do Cachoeira

CPI ouve Pagot, Cavendish e Paulo Preto no final de agosto

14 ago 2012 - 19h21
(atualizado às 20h11)
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a rede de influências do bicheiro Carlinhos Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou, nesta terça-feira, as datas dos depoimentos de três peças-chave para as investigações. O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, será ouvido no dia 28 de agosto.

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse que foi ameaçada por Andressa Mendonça, comparou a mulher do bicheiro à vilã Carminha, da novela Avenida Brasil e a chamou de cascateira
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse que foi ameaçada por Andressa Mendonça, comparou a mulher do bicheiro à vilã Carminha, da novela Avenida Brasil e a chamou de cascateira
Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

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Pagot foi demitido do Dnit no ano passado após denúncias de um esquema de pagamento de propina para a cúpula do PR, partido ao qual era filiado, em troca de contratos para obras. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram que Cachoeira comemorou a saída de Pagot do Dnit. O ex-diretor afirma que a quadrilha do bicheiro trabalhou para derrubá-lo por supostamente não ceder às pressões no sentido de favorecer a Delta em licitações com o órgão.

Segundo Vital do Rêgo, Pagot acusou a tentativa do esquema de Cachoeira em se infiltrar no órgão e, por isso, teve preferência na marcação do depoimento. Inicialmente, quem iria depor nesta data era o ex-presidente da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, acusada de alimentar a quadrilha de Cachoeira e as empresas de fachada do bicheiro.

Também no dia 28 de agosto irá depor Adir Assad, empresário de São Paulo também suspeito de relações com a Delta. No dia 29 de agosto, estão marcados os depoimentos de Cavendish e de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado por Pagot de tentar fazer caixa dois para o PSDB paulista com recursos do Dnit.

Habeas-corpus

Acostumado ao silêncio de grande parte dos convocados para depor, o presidente da CPI afirmou que as oitivas representam menos de 20% da investigação do colegiado. "Nós sempre esperamos habeas-corpus. São instrumentos que apenas aumentam o caixa dos escritórios da defesa e atrapalham os trabalhos do Supremo Tribunal Federal. Os depoimentos têm menos valia do que as provas técnicas que podem ser consultadas pelos parlamentares na sala-cofre. Essas têm mais de 80% da importância da investigação", disse.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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