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CPI do Cachoeira

CPI nega pedido para adiar depoimento de Andressa Mendonça

6 ago 2012 - 16h40
(atualizado às 23h44)
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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PA), negou nesta segunda-feira o pedido para adiar o depoimento de Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos. Com a recusa, a companheira do bicheiro deve ser ouvida pela comissão nesta terça-feira.

Andressa Mendonça será ouvida nesta terça-feira na CPI do Cachoeira
Andressa Mendonça será ouvida nesta terça-feira na CPI do Cachoeira
Foto: Diomício Gomes/O Popular / Agência Estado

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O requerimento para adiar o depoimento foi protocolado na última sexta-feira pelo advogado José Gerardo Grossi, que representa Andressa. A comissão quer ouvi-la na condição de investigada, e não de testemunha.

Andressa Mendonça é suspeita de atuar como laranja do esquema de Cachoeira. Além disso, ela deve ser questionada sobre a acusação de tentar chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Segundo o magistrado, ela ameaçou divulgar um dossiê contra ele, supostamente preparado por um jornalista da revista Veja, se ele não libertasse Cachoeira.

Após o episódio, Andressa foi proibida de acessar ou frequentar o prédio da Justiça Federal de Goiás; de manter qualquer contato, pessoal, telefônico ou por qualquer outro meio, ainda que por outra pessoa, com o juiz Alderico; e de manter contato com qualquer um dos réus investigados pela Operação Monte Carlo. Para não ser presa, a mulher do contraventor pagou R$ 100 mil de fiança, de acordo com medida cautelar expedida pelo juiz federal Mark Yshida.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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