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CPI do Cachoeira

CPI do Cachoeira suspende reuniões até o primeiro turno das eleições

4 set 2012 - 19h22
(atualizado às 21h31)
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira terá seus trabalhos interrompidos e só retomará as reuniões administrativas e os depoimentos após o primeiro turno eleitoral, que ocorre no dia 7 de outubro. A decisão foi tomada nesta terça-feira em reunião dos líderes partidários com o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). As informações são da Agência Câmara.

Os trabalhos da comissão que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira e suas relações com agentes públicos e privados serão interrompidos
Os trabalhos da comissão que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira e suas relações com agentes públicos e privados serão interrompidos
Foto: Alexandra Martins / Agência Câmara

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Um dos motivos da decisão, segundo os parlamentares, é a falta de quórum, já que a Câmara e o Senado estão em recesso branco. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que a maioria dos participantes do encontro desta tarde entendeu que o embate político pré-eleitoral poderia contaminar os trabalhos da CPI.

Enquanto as reuniões estão suspensas, o relator vai fazer um balanço das informações apuradas até agora e traçar um organograma de como funcionava a suposta organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Esse relatório será apresentado na primeira reunião após as eleições.

A avaliação sobre a necessidade ou não de prorrogar os trabalhos da CPI e a possibilidade de novas quebras de sigilo de empresas ou pessoas ligadas ao esquema também ficará para outubro.

Com a suspensão das reuniões, o depoimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que não ocorreu hoje pela manhã após um pedido do parlamentar para que fosse adiado, também só será remarcado para o mês que vem.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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