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CPI do Cachoeira

CPI do Cachoeira: senador pede convocação do prefeito de Palmas

3 jul 2012 - 12h01
(atualizado às 12h05)
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O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e outros integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira apresentaram requerimento de convocação do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), nesta terça-feira. No domingo, o Fantástico exibiu um vídeo encontrado pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo que mostra Raul negociando com o grupo de Cachoeira. Os requerimentos deverão ser votados na reunião de quinta-feira. As informações são da Agência Câmara.

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As imagens, feitas em 2004, durante a campanha que elegeu o petista ao cargo, foram encontradas na casa do ex-cunhado do bicheiro. Na gravação, os dois estão acompanhados por assessores e o então candidato diz a Cachoeira que tem um "projeto de poder no Tocantins". "Palmas é um estágio", diz, ao que o bicheiro demonstra interesse.

Em entrevista coletiva na segunda-feira, o prefeito reconheceu que Cachoeira teria financiado um show durante a sua campanha. Porém, disse não ver "imoralidade" em receber a ajuda, já que conversou com o bicheiro enquanto estava na função de candidato.

O prefeito disse, ainda, que viu Cachoeira apenas uma vez, no encontro em Anápolis (GO), após ser apresentado ao bicheiro pelo seu amigo, Silvio Roberto. "Ele falou que iria ajudar com o show. O show era bastante? Sim. Agora, daí pra cá, eu não tive mais contato com ele".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.

Fonte: Terra
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