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CPI do Cachoeira

CPI do Cachoeira: relator vai pedir indiciamento de Perillo e mais 45

20 nov 2012 - 23h27
(atualizado às 23h49)
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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG) vai pedir o indiciamento de 46 pessoas no relatório final que será apresentado nesta quarta-feira em Brasília. Entre os indiciados, está o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Segundo o relator, o tucano cometeu seis crimes, como corrupção passiva e formação de quadrilha. O documento aponta que há fortes indícios de que foram realizados pagamentos diretamente ao governador. Perillo disse que está sendo vítima de uma briga política. "O fórum para se investigar governadores é o STJ, o Superior Tribunal de Justiça. Lá não tem politicagem, lá não há direcionamento, as análises são técnicas. Eu mesmo pedi para o STJ me investigar". As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo o relatório da CPI, o governador de Goiás cometeu seis crimes, entre eles corrupção passiva e formação de quadrilha
Segundo o relatório da CPI, o governador de Goiás cometeu seis crimes, entre eles corrupção passiva e formação de quadrilha
Foto: Rodrigo Cabral / Divulgação

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O relator deixou de fora da lista de indiciados o outro governador investigado pela comissão, Agnelo Queiróz, do PT do Distrito Federal. Cunha, no entanto, também pede o indiciamento do ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish. Segundo as investigações, Cachoeira mantinha empresas fantasmas que receberam R$ 98 milhões da Delta. O ex-diretor da construtora no Centro-Oeste Cláudio Abreu também foi indiciado. A CPI recomenda ainda o indiciamento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido) e do prefeito de Palmas, Raul Filho. Por fim, o relator pede que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue a conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no caso da Operação Vegas, da Polícia Federal. Para a CPI, Gurgel suspendeu a investigação sem justificativa, possibilitando que a quadrilha continuasse atuando.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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