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CPI do Cachoeira

CPI convoca novamente Cachoeira para depor e quebra sigilo de noiva

14 ago 2012 - 11h34
(atualizado às 13h42)
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira aprovou nesta terça-feira uma nova convocação para que o bicheiro Carlos Augusto Ramos preste depoimento aos parlamentares. O contraventor já havia sido convocado para depor em maio deste ano, mas pôde ficar calado durante toda a sessão graças a um habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A data do novo depoimento de Carlinhos Cachoeira, no entanto, ainda não foi definida.

O bicheiro Carlinhos Cachoeira chega na 5ª Vara Criminal de Brasília para prestar depoimento
O bicheiro Carlinhos Cachoeira chega na 5ª Vara Criminal de Brasília para prestar depoimento
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

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A convocação de mais de dez suspeitos de envolvimento no esquema também foi aprovada na reunião administrativa. Os parlamentares aprovaram 34 requerimentos de quebra de sigilos bancários, fiscais, telefônicos, e-mail e mensagens trocadas pelo celular de vários envolvidos no escândalo do bicheiro - incluindo o da noiva de Cachoeira, Andressa Mendonça, acusada de tentar subornar um juiz.

Ainda na mesma reunião, os membros da comissão devem aprovar requerimentos de convocação dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de Goiás, Marconi Perillo, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Há, ainda, pedidos de acareação entre Cachoeira, Valdomiro Diniz, Gleyb Ferreira (ex-tesoureiro do esquema), Perillo, Fernando Cavendish, entre outros acusados de envolvimento no escândalo.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou para a semana que vem novos depoimentos dos procuradores que trabalharam na apuração das operações Monte Carlo e Vegas, que investigaram a rede de jogos ilegais e influência de Cachoeira.

Sub-relatorias

A CPI rejeitou a criação de sub-relatorias para dividir os trabalhos de investigação. Os requerimentos foram propostos pelos parlamentares na tentativa de agilizar a tarefa do relator Odair Cunha (PT-MG) de apurar movimentações financeiras, relações do bicheiro com autoridades e contratos entre as empresas de fachada que lavavam dinheiro do jogo ilegal do contraventor e o governo federal.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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