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CPI do Cachoeira

Caso Cachoeira: defesa comemora suspensão de depoimentos

31 mai 2012 - 12h25
(atualizado em 1/6/2012 às 00h13)
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Os advogados dos réus envolvidos no suposto esquema criminoso liderado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira elogiaram nesta quinta-feira a decisão do desembargador Fernando Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de suspender os depoimentos agendados para hoje e sexta-feira. Tourinho acatou o argumento da defesa de Cachoeira de que não houve tempo e condições de conversar reservadamente com o seu cliente.

Cancelamento do depoimento de Cachoeira frustra manifestantes e imprensa que aguardavam em frente à 11ª Vara
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Foto: Ricardo Rafael / Futura Press

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Para o advogado Ney Moura Teles, que representa o ex-vereador goiano Wladimir Garcez, a defesa ganhou novo fôlego para identificar ilegalidades no processo, como o desmembramento dos autos entre os réus presos e em liberdade e a falta de dados sobre as interceptações telefônicas. Ele também disse que pediu a substituição do juiz Paulo Augusto Moreira Lima, pois acredita que o magistrado está atuando com parcialidade.

"Ele já prejulgou ao decretar a prisão preventiva. Já antecipou todo o juízo condenatório. Do jeito que as coisas iam caminhando, eles já estavam previamente condenados, seria mera formalidade essa audiência", argumentou Teles. O advogado Douglas Messora, que representa um dos assessores de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, também elogiou a decisão vinda de Brasília e defendeu que o processo corra com mais calma. "Demoraram três anos para investigar, e agora querem resolver o processo em 30 dias", disse.

Apontado como contador de Cachoeira, o réu Geovani Pereira da Silva está foragido, mas o advogado Calixto Abdala Neto comentou o impacto da medida para seu cliente. "Essa decisão é muita boa, todo mundo tem que ter acesso às provas". Segundo Calixto, Geovani não está foragido, mas apenas escondido em Goiás porque não quer ser preso. "Ele irá se apresentar assim que a prisão for revogada."

Além de advogados e jornalistas, as imediações da Justiça Federal em Goiás também foram ocupadas por manifestantes que protestaram contra o governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Com faixas e megafones, eles criticaram o suposto envolvimento do governador com Cachoeira e pediram a quebra do sigilo bancário do político.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Agência Brasil Agência Brasil
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