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CPI do Cachoeira

Agnelo assina autorização para quebra de sigilo e é aplaudido

13 jun 2012 - 17h32
(atualizado às 18h06)
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Elaine Lina
Direto de Brasília

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), assinou na tarde desta quarta-feira uma autorização para quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Ele foi aplaudido por apoiadores que acompanham seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira.

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O petista já havia anunciado que disponibilizaria suas informações pessoais para esclarecer dúvidas sobre seu patrimônio. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) pediu que o governador assinasse o compromisso, uma vez que a autorização verbal não serviria no caso. "Minha palavra vale", afirmou Agnelo. Diante da insistência do gaúcho, ele assinou o documento preparado pela secretaria da CPI.

Após Agnelo anunciar que abriria seu sigilo, o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), anunciou que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), lhe telefonou e colocou à disposição do colegiado seus sigilos para esclarecer dúvidas que tenham restado após seu depoimento, na terça-feira.

A sessão de hoje, porém, é exclusivamente para tomada do depoimento do governador, não sendo possível que um requerimento entre em votação. Na quinta-feira, os membros da comissão, em reunião administrativa, devem votar as quebras dos sigilos de Perillo e Agnelo.

Onyx gera confusão

Onyx Lorenzoni gerou confusão na CPI ao afirmar que, nas gestões de Agnelo e de Orlando Silva a frente do Ministério do Esporte, os integrantes do PCdoB - ex-partido do governador - passaram de "idealistas" para "vigaristas". Vários membros do colegiado reclamaram do termo e pediram que a palavra fosse retirada dos registros. O democrata rebateu afirmando que não se referia a Agnelo, apenas analisava a situação.

Em seguida, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que havia se ausentado da sala, lembrou que o ex-ministro Orlando Silva teve processo arquivado na terça-feira pela Comissão de Ética da Presidência da República. Suspeito de envolvimento com um esquema de desvio de recursos públicos, Silva pediu demissão do cargo no ano passado. A senadora afirmou que Onyx estava "desesperado" e "desequilibrado".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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