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CPI do Cachoeira

'Se for solto, me caso no 1º dia', diz Cachoeira em depoimento

25 jul 2012 - 17h17
(atualizado às 19h19)
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Diogo Alcântara
Direto de Goiânia

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, disse nesta quarta-feira, durante depoimento na Justiça Federal em Goiás, que pretende se casar com sua mulher, Andressa Mendonça, se for liberado pelo Ministério Público. "Se o Ministério Público me liberar. No primeiro dia (eu me caso), tá?", disse, voltando-se para Andressa. Os dois vivem juntos, mas não são casados. A declaração foi feita após o juiz Alderico Rocha Santos perguntar qual era o estado civil do contraventor. Cachoeira afirmou que essa era uma questão "difícil de responder".

Cachoeira e sua mulher, Andressa Mendonça, vivem juntos, mas não são casados
Cachoeira e sua mulher, Andressa Mendonça, vivem juntos, mas não são casados
Foto: Randes Nunes / Fotoarena

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Durante seu depoimento, que durou aproximadamente cinco minutos, o bicheiro preferiu não responder às perguntas. "Gostaria de fazer um bom debate com o Ministério Público, com todo mundo, mas, devido às fases processuais, hoje resolvemos que é melhor eu não falar nada", disse Cachoeira, que ficou calado ao ser questionado se conhecia testemunhas e os demais denunciados.

O contraventor disse ainda que está sendo considerado um "leproso jurídico". "Eu estou sofrendo demais, porque eu virei um leproso jurídico. Quem me deu voto (favorável) até agora foram os desembargadores Tourinho (Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e (Adilson) Macabu (do Superior Tribunal de Justiça). Isso é o que me dói muito em todo o processo que estou passando, mas, um dia, tudo vai ser esclarecido", afirmou o bicheiro.

Cachoeira foi autorizado a conversar por 20 minutos com seus advogados após prestar depoimento, assim como os demais réus. Antes do início da audiência, os defensores do bicheiro tentaram suspender novamente a oitiva de Cachoeira, mas o pedido foi negado pelo juiz.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Fonte: Terra
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