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Política

CPI Cachoeira recebe documentos do STF e começa os trabalhos

2 mai 2012 - 08h34
(atualizado às 08h40)
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A CPI mista que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com gestores públicos e privados recebe às 10h desta quarta-feira do Supremo Tribunal Federal os 40 volumes do inquérito aberto para investigar o esquema. Segundo o presidente da Comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o inquérito totaliza 15 mil folhas de papel e mais diversos CDs. A informação é da Agência Senado.

O pedido para acesso aos documentos foi atendido pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo no STF. No despacho, o magistrado mantém o caráter sigiloso do inquérito, o que obriga a CPI a observar as restrições de publicidade sobre os dados que estão sob segredo de justiça.

Também nesta quarta-feira, os políticos se reúnem para traçar o plano de trabalho da comissão. O presidente e o relator da CPI, deputado Odair Cunha, irão se encontrar às 11h com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Vital e Odair pedirão ao procurador que venha ao Senado para atualizar os parlamentares com informações sobre o inquérito conduzido pela Polícia Federal.

Conselho de Ética

Ricardo Lewandowski também liberou o acesso dos documentos ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado que, desde o início do mês, examina uma representação do Psol para investigar se o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), suspeito de envolvimento com os negócios de Cachoeira, quebrou o decoro parlamentar.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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